A explosão de filiados do PT em cargos de confiança
O volume de filiados do PT em cargos de confiança chegou a 9% do total desde que o partido voltou à Presidência da República com a eleição de Lula, superando o registrado em administrações de antecessores pertencentes a outras legendas, como Jair Bolsonaro (PL), Michel Temer (MDB) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), registrou O Globo.
O levantamento foi realizado com base em dados de filiação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cruzados com informações sobre servidores públicos comissionados, ou seja, aqueles que assumem seus postos por meio de nomeação.
Durante o período em que o PT esteve fora do governo federal, petistas ocupavam apenas 0,9% dessas posições. Desde 2023, esse percentual aumentou dez vezes.
Qual é o ministério com mais filiados ao PT?
Segundo o jornal, os resultados apontam para uma correlação direta entre a filiação partidária dos ocupantes dos cargos e os ministros responsáveis pelos respectivos órgãos. No caso do PT, a pasta com maior número de filiados é o Ministério do Desenvolvimento Agrário, sob a liderança de Paulo Teixeira (foto), deputado federal licenciado pelo partido.
Na pasta e no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), vinculado ao ministério, os índices de ocupação por petistas chegam a 34%.
No Fundacentro, órgão ligado ao Ministério do Trabalho de Luiz Marinho, também do PT, sete dos dez cargos comissionados são preenchidos por filiados ao partido.
Demais partidos da esquerda e os cargos comissionados
Na esfera da esquerda, os cargos ligados ao PSOL estão predominantemente concentrados nos ministérios dos Povos Indígenas, Direitos Humanos e Igualdade Racial, dirigidos por membros da legenda ou alinhados aos seus ideais programáticos. O PSOL ocupa 0,8% dos cargos totais no governo.
O Partido Socialista Brasileiro (PSB), por sua vez, tem uma presença destacada nos ministérios do Empreendedorismo e Desenvolvimento, Indústria e Comércio, liderados respectivamente por Márcio França e pelo vice-presidente Geraldo Alckmin.
Um em cada cinco cargos na pasta de França é ocupado por integrantes do PSB.
Os cargos comissionados nas gestões não-petistas
Em termos comparativos históricos, durante o governo Bolsonaro em janeiro de 2022, o PL estava à frente de apenas 1% dos cargos comissionados.
A pesquisa “Filiações partidárias e nomeações para cargos da burocracia federal (1999-2018)”, conduzida por Felix Lopez e Thiago Moreira da Silva, destaca que, no fim da gestão Fernando Henrique Cardoso, o PSDB possuía 4,4% desses cargos.
Nos governos Lula e Dilma Rousseff, houve um aumento significativo das indicações petistas para cerca de 15%.