A força da juventude invade a gastronomia brasiliense

5 de maio de 2023 315

A juventude candanga sempre se destacou nas mais variadas áreas comerciais da capital, e na gastronomia não é diferente. Uma nova safra de chefs de cozinha tem sido responsável, atualmente, por construir uma identidade gastronômica para a cidade, levando consigo o legado deixado pelos cozinheiros que fazem parte da história de Brasília. "É uma honra ser chef em Brasília, estar à frente de um restaurante na capital federal, onde nasci e cresci", afirma o chef Matheus Camargo, responsável pelo Horta Cozinha Criativa. Na casa, uma das missões é buscar, em meio ao Cerrado, ingredientes para executar pratos diversos.

A atual tarefa de Catarina Freire, chef consultora do MimoBar, quer trazer inovação para a gastronomia da capital. "Brasília tem um mercado que fica na retaguarda das novidades no cenário nacional. É uma cidade que ovaciona o filé alto com risoto. E acho importante deixar claro o valor que esse prato tem, mas eu gostaria de ver combinações mais provocativas entre os três itens mais vendidos dos restaurantes", pontua. "Trabalho, diariamente, para que o mercado entenda a necessidade da inovação", complementa.

Para Thiago Paraíso, chef do Saveur Bistrot e do Ouriço, a capital está na caminhada para se equiparar aos demais polos gastronômicos do Brasil. "Acho que, nós, da capital, somos muito novos para dizer que temos uma identidade, mas já está se criando essa identidade gastronômica da cidade. Já se tem uma influência bem forte do Cerrado, por si só, porém, o interessante é que a gente tem por toda cidade uma gastronomia bem variada, que vai de massas à comida do Norte, à comida baiana, do Nordeste, uma influência bem forte do Sul", avalia. "Acredito que em uns 50 anos teremos uma identidade forte de gastronomia brasiliense, mas está em um crescimento muito grande, não só por conta da comida em si, mas pelos chefes também, que estão se criando aqui, uma galera de muita qualidade", finaliza.

Em antecipação ao dia nacional do chef de cozinha, o Divirta-se mais selecionou seis restaurantes de seis jovens chefs da capital.

Viva o Norte
Sob os toques do casal Bárbara Bicalho e Mônica Nunes, chefs e proprietárias, o Iacina tem como base de sua história, além dos temperos e ingredientes, o amor à cozinha. Com fortes influências da comida paraense, o restaurante tem como principais atrativos o sabor, autenticidade e qualidade dos produtos. "O povo gosta demais!", afirmam as chefs.

Dentre as diversas opções do menu, as chefs recomendam, como entrada, o ceviche de peixe branco com tucupi, chicória do Pará e manga verde (R$ 30), acompanhado por chips de batata doce crocante. O prato principal fica por conta do pai d' égua (R$ 55), um dos pratos individuais mais charmosos do restaurante — filé de pescada amarela, arroz com jambu, farofa, vinagrete e redução de tucupi.

Experimentação na cozinha
Foi na faculdade de direito que Catarina Freire se apaixonou pela gastronomia — durante o curso, a estudante vendia bolos de pote aos colegas. Um ano e meio depois, o sonho da advocacia foi trocado pela verdadeira paixão: a gastronomia. Já no primeiro estágio na área, a chef se encantou pela cozinha profissional e, desde então, trabalha na área. "Minha trajetória foi baseada, desde o início, em experimentos: qual área dentro da gastronomia faria sentido para mim, qual estilo de gestão, quais ingredientes seriam meus preferidos", descreve.

Hoje, Catarina é chef consultora do MimoBar. "Para o cardápio do Mimo, a proposta é revisitar os pratos que já alcançaram seu auge e hoje são considerados cafonas", explica. Um dos preferidos da chef é o ceviche com leite de tigre de beterraba (R$ 52,90). "É um prato que eu tenho muito prazer em comer, porque amo a junção do frescor dos ingredientes tradicionais unido ao dulçor terroso da beterraba", avalia.

De mãe para filha


Responsável pelo cardápio do restaurante Jamburita, Pati Egito cozinha desde pequena, influenciada pela paixão da mãe. A cozinha sempre fez parte da vida da chef, que explorou desde a comida de rua até o estudo formal da gastronomia. Nas criações de Pati, são exaltadas as riquezas no Norte e Nordeste do Brasil e no continente latino americano.

No menu do local, os pratos mais visados são aqueles com frutos do mar — peixes, camarões e caranguejos aparecem em diversas receitas. Entre eles, destaca-se o camusquim paraense (R$ 70), linguine cremoso com camarões frescos, queijo maçaricado e pesto de jambu. O camarão arretado também é um dos preferidos, composto por camarões frescos, queijo coalho em cubos, ervilhas e leite de coco (R$ 69,50).

Amor de infância
“Cresci dentro de uma cozinha e nela me mantive”, define Luiza Jabour em relação à sua trajetória profissional. Filha de Simonne Jabour, dona da tradicional Sweet Cake, Luiza começou na cozinha ainda muito cedo — foi ao lado da mãe que a chef se apaixonou pela gastronomia. Após passagens por São Paulo e Paris, Luiza retornou a Brasília para focar no projeto do restaurante Almeria, que, recentemente, ganhou uma espécie de extensão: a Casa Almeria. No Almeria, um dos Amor de infância principais destaques é o fideuá de camarão (R$ 98), prato composto por uma massa típica espanhola, camarões grelhados na manteiga de ervas e aioli picante. Outro queridinho dos clientes é o pulpo Almeria (R$ 125), polvo servido com batata rústica, hommus da casa e farofa crocante e aioli picante.

 

Fonte: IB Isabela Berrogain DC Davi Cruz*