A insegurança nossa de cada dia

2 de fevereiro de 2024 102

Nas duas últimas semanas assisti, em Porto Velho, a dois fatos inéditos. O primeiro deles, na saída da Avenida Farquhar do Mercado Central, em plena às dez horas da manhã, uma viatura da Polícia Militar fechava meia rua, com os policias fortemente armados, que deixavam passar os veículos em direção ao centro, porém pareciam esperar a vinda de bandidos. O segundo foi proporcionado pela constante utilização de helicópteros, ou um só, não sei dizer, no que parecia apoio a busca de bandidos, o que aconteceu por dias seguidos nas regiões próximas a Avenida Imigrantes. Conversando depois com pessoas mais ligadas as atividades policiais me disseram que se tratava de operações integradas das polícias, com apoio aerotático, mais de uma dezena, que foram feitas para fazer prisões e apreensões. É claro que se trata de uma iniciativa louvável e não serei quem vai deixar de bater palmas para uma atuação policial forte. Porém, de fato, o que causa apreensão á população de Porto Velho é o dia a dia mesmo. São os roubos de fios, de medidores de energia e de água, a depredação de imóveis sem moradores, os noiados e mendicantes amontoados nas portas dos estabelecimentos, em especial bancários e loterias, e, muitas vezes, a audácia com que os flanelinhas, o pessoal que cuida de estacionamento de veículos, se dirigem, para as pessoas mais frágeis, cobrando um serviço que não se deseja, nem seria necessário. E, de noite, o centro se tornou um perigo. Não se pode mais andar como antigamente e não é incomum encontrar um grupo grande de noiados juntos. Podem nem ter intenção malévolas, mas pense numa senhora visitante que teve que fazer uma volta enorme para ir para seu hotel que disse que nunca ter visto, como viu, mais de uma dezena de pessoas bebendo, ou cheirando, do lado da Caixa Econômica. É claro que o problema não é apenas policial. Deveria também se ter um trabalho social para revitalizar e sanear o centro da cidade. E, com todas as reclamações, a insegurança nossa é grande, mais nas periferias, porém ainda bem menor do que em outros estados. Nem vou falar do vizinho Amazonas. Mas, a coisa anda feia em Fortaleza, Rio de Janeiro e Bahia com brigas de facções criminosas e milícias. É por isto que uma pesquisa da Ipsos, apontou que o temor do brasileiro com a violência cresceu 40% entre 2022 e 2023. É um percentual que nos coloca, no mundo, em 7º lugar, só ficando abaixo de países como Chile (62%), Suécia (59%), Peru (57%), México (57%), África do Sul (56%) e Colômbia (41%). E, para completar somos o 1º do mundo em número de homicídios. São, nada mais, nada menos que 47 mil mortes violentas por ano o que nos coloca acima até de países em guerras. E 2024, infelizmente, depois que se estima que a criminalidade tenha tido um acréscimo de 20% no ano passado, começa com uma sensação de insegurança muito maior e a certeza de que, com a situação econômica ruim, a criminalidade tende a aumentar. Está também a razão para a valorização crescente de condomínios e apartamentos que, pelo menos, reduzem a sensação de insegurança. E, como não podia deixar de ser, há um incremento enorme na procura de monitoramentos e alarmes, em especial nos estabelecimentos comerciais. 

Fonte: SÍLVIO PERSIVO
A POLITICA VISTA POR UM POETA ( SILVIO PERSIVO

Colaborador do quenoticias.com.br, Silvio Persivo é Economista com Doutorado em Desenvolvimento Sustentável pelo NAEA, escritor, poeta e professor de Economia Internacional e Planejamento Estratégico da UNIR. E-mail: silvio.persivo@gmail.com