“A nossa tradição é mostrar a cara”. Suíça aprova em referendo proibição do uso de véu integral

8 de março de 2021 86

Os resultados avançados pelo Governo federal indicam que a iniciativa que proíbe o uso de peças de vestuário que cubram integralmente o corpo venceu com 51,2% dos votos e na maioria dos cantões suíços.

Ainda que o texto da iniciativa não mencione claramente o tipo de vestuário a que se refere, durante a campanha ficou claro que se pretende proibir o uso de burca – uma peça de vestuário que cobre todo o corpo, apenas com uma abertura rendilhada nos olhos, usado por algumas mulheres muçulmanas -, bem como do niqab, que é semelhante à burca, mas sem a peça rendilhada.

O referendo é vinculativo e propõe uma revisão constitucional que visa permitir esta proibição.

A medida foi proposta pelo partido de direita UDC (Union Demócratique de Centre, ou União Democrática do Centro, em tradução livre) e foi apoiada por grupos feministas e por um setor dos eleitores da esquerda laica.

Na Suíça, a nossa tradição é mostrar a cara. Isso é um sinal das nossas liberdades básicas”, disse Walter Wobmann, presidente do comité do referendo e membro do parlamento pelo Partido do Povo Suíço, antes da votação, citado pela agência Reuters. A cobertura facial é “um símbolo desse Islão político extremo que se tornou cada vez mais proeminente na Europa e não tem lugar na Suíça”.

Citado pela agência de notícias francesa, o presidente da UDC, Marco Chiesa, congratulou-se pelo resultado, afirmando que não quer “um islamismo radical” no país.

O Conselho Central de Muçulmanos, por seu lado, já fez saber que irá recorrer da decisão em tribunal. “A decisão de hoje abre velhas feridas, amplia ainda mais o princípio da desigualdade legal e envia um sinal claro de exclusão à minoria muçulmana”, condenou o organismo em comunicado.

“Ancorar os códigos de vestimenta na constituição não é uma luta de libertação para as mulheres, mas um retrocesso no passado”, disse a Federação das Organizações Islâmicas da Suíça, acrescentando que os valores suíços de neutralidade, tolerância e pacificação sofreram no debate.

Com este resultado, a Suíça junta-se à França, à Áustria, à Bulgária, à Bélgica e à Dinamarca, que aprovaram iniciativas semelhantes.

ZAP ZAP // Lusa

Fonte: ZAP