“A polícia tentou levar o corpo da minha mãe como se ela fosse um animal”

8 de novembro de 2017 716

Ovelório de uma das vítimas mortais do surto de legionella foi interrompido na noite desta terça-feira. Familiares e amigos de Graça Ribeiro, de 70 anos, estavam no velório na igreja de Santo Condestável em Campo de Ourique quando a polícia de investigação criminal interrompeu o serviço para levar o corpo.

 

Em declarações à TVI 24, os filhos de Graça Ribeiro relataram a bizarra situação que experienciaram.

“Estávamos no velório da minha mãe e apareceram aqui três agentes da polícia de investigação criminal com uma intimação do Ministério Público a dizerem que tinham que levar o corpo da minha mãe para o Instituto de Medicina Legal e nós perguntámos porquê e porquê só hoje. A minha mãe morreu ontem (segunda-feira) às 9h20 da manhã. Os enfermeiros disseram que não era necessária autópsia”, contou a filha de uma das vítimas mortais deste surto de legionella.

A polícia explicou aos familiares de Graça Ribeiro que a “autópsia era necessária por uma questão de saúde pública”. Os filhos de Graça Ribeiro criticam o hospital de Santa Maria por ter libertado o corpo sem autorização.

“Acho que o hospital errou. Um erro gravíssimo. A polícia disse que o hospital não deu informação ao Ministério Público que tinha libertado o corpo para a agência funerária”, disse a filha da vítima. Um dos filhos questionou: “Porque é que o hospital Santa Maria libertou o corpo sem autorização?”

Mas também deixaram críticas à atuação da polícia.

“A policia tentou levar o corpo da minha mãe como se ela fosse um animal, num saco de plástico e nós dissemos que não. Dissemos que ela não saía daqui num saco de plástico. Dissemos que iria como veio, num caixão. Isto é surreal”, relatou a filha.

E levantaram uma questão. “Imaginem que a minha mãe já tinha sido enterrada? Desenterravam o corpo?”

O funeral de Graça Ribeiro está marcado para quarta-feira às 15h30, mas os filhos duvidam que o Instituto de Medicina Legal liberte o corpo a tempo.

“Penso que vai ser impossível. Duvido que façam a autópsia em tão pouco tempo”, disse o filho.