A RECEITA DE COCA-COLA

23 de janeiro de 2018 766

Dona Maria, uma senhora humilde, ia passando pelo centro da cidade em que morava quando viu a seguinte faixa na fachada de uma casa: ‘Escola de Culinária – Ensinamos fazer Coca-Cola’. Parou por um instante e pensou o quanto seus filhos gostavam daquele refrigerante e na economia que faria se aprendesse a receita. Então, entrou no recinto e matriculou-se para o curso.

Chegando em casa, anunciou à família que não mais precisariam comprar garrafas e latinhas de coca porque logo iria produzir bastante para o consumo. Os vizinhos souberam da novidade e ficaram na expectativa de ganharem alguns litros de vez em quando. E, falando com um parente por telefone, dona Maria também se animou com a ideia de fabricar o refrigerante para vender no bairro.

O curso de culinária começou na segunda-feira de manhã. Após a primeira aula, a senhora voltou para casa e viu a mesa arrumada para o almoço com muitos copos sobre ela. Seu filho mais novo perguntou:

– Mãe, vai fazer coca pra gente?

– Não, querido, hoje nós só aprendemos ‘higiene na cozinha’, mas logo teremos aulas sobre receitas de refrigerantes.

Mais alguns dias se passaram e dona Maria foi ficando sem graça por ter que dizer à família que ainda não sabia fazer Coca-Cola! E, após a penúltima aula, voltou pra casa confiante:

– Olha, amanhã vou aprender a receita que vocês adoram!

Bem, aconteceu que, no dia seguinte, quando os alunos chegaram para a última aula, a casa alugada que servia de ‘escola’ estava fechada e ninguém nunca mais soube dos professores. Foi outro golpe aplicado na praça, aproveitando da inocência de pessoas de bem.

O dinheiro que dona Maria pagou aos impostores daria para ter comprado dezenas de litros de Coca-Cola para os filhos. E o tempo que ela perdeu, quanto vale? Mas, o pior foi consolar seu filho caçula. Ele chorou muito ao escutar a mãe falando da tristeza que as amigas do curso ficaram. Para consolá-lo, ela contou esta história:

Lá no fundo do oceano, uma ostra abriu bem a sua concha para deixar a água passar e extrair o alimento que precisava. De repente, um peixe grande levantou uma nuvem de areia com um movimento do rabo. Rapidamente a ostra se fechou, mas um grãozinho duro se alojou no seu interior.

Puxa, como aquele grãozinho de areia a incomodava! Mas, as glândulas especiais que Deus lhe havia dado para revestir o interior de sua concha começaram a produzir uma substância brilhante para cobrir o grão de areia irritante. A cada ano que passava, a ostra acrescentava mais camadas sobre o grãozinho, até que produziu uma pérola reluzente e de grande valor.

E dona Maria completou:

Às vezes, meu filho, os problemas que temos se assemelham um pouco a esse grãozinho de areia. Eles nos chateiam e nos perguntamos: por que será que temos que passar por esse incômodo? Mas, se permitirmos, Deus começa a transformar os nossos problemas e fraquezas em algo muito precioso!

É nas dificuldades que nos aproximamos mais do Senhor, rezamos com maior fervor, ficamos mais humildes e capacitados para enfrentar os problemas. Como bênçãos disfarçadas, o Senhor pega esses grãozinhos ásperos de areia na nossa vida e os transforma em pérolas preciosas de força espiritual, e eles também se transformam em esperança e inspiração para muitos.

Portanto, Deus nos faz mais fortes com cada vitória. É mais ou menos como uma vacina: Ele nos dá pequenas doses para não pegarmos a doença e para, de uma forma constante e gradual, aumentar nossa resistência. Mas, se você – que também às vezes sofre – não for posto à prova e não tomar uma dose da vacina, nunca conseguirá administrar doses grandes.

De certa forma, Jesus faz isto com você: insiste para dar um pouco mais de si, sacrificar-se um pouco mais, lutar um pouco mais e crescer muito mais também.

No final destas palavras, o filho de dona Maria não mais chorava. Acredito que ele entendeu que aquilo que plantamos, colhemos. Semeando: verdade, alegria e fé; colhemos: milagres, esperança e amor. Porém, como dizem, quem semeia vento, colhe tempestade. Entenda-se por ‘vento’, os sete pecados capitais: gula, avareza, soberba, luxúria, preguiça, ira e inveja.

É no sofrimento que Deus experimenta a nossa fé, pois não há ressurreição sem calvário! É preciso que façamos sempre boas confissões com nossos queridos sacerdotes, deixando a carga do pecado para trás e permitindo que Deus nos preencha com seu Espírito.

Nem só de Coca-Cola vive o homem; porém, não sobrevive sem a graça divina.

 

 

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas.