A TERRA EM SANGUE

16 de outubro de 2017 947

A terra se encontra ensanguentada e muitos de nós, creio que a maioria, abatidos. Histórias tão tristes! Dentre elas: o massacre em show country, em Las Vegas, que matou 59 pessoas e machucou 500; o horror em Janaúba, com o vigia que ateou fogo na creche e matou crianças e uma professora, além de si mesmo, deixando dezenas de feridos e, nas proximidades, a professora que foi vítima de assalto em Itatiba e, por estar dentre os assaltantes um ex-aluno, atirada viva de uma ponte em Nazaré Paulista onde faleceu.

Não é possível ficar indiferente. Barbáries provocadas por uma ou mais pessoas. Existe uma dor que vem de longe ou mais perto e me pressiona o coração. Penso naqueles que morreram envoltos em medo e em sofrimento atroz. Penso nas famílias, de quem foi arrancado um pedaço: mesmo que a fé e o tempo coloquem um bálsamo, permanecerá o latejar da angústia. Que despedidas tenebrosas causadas por gente que planejou perversidade e a executou. Dois suicidas e outros, no caso da professora, que tentaram esconder a malignidade.

A respeito do vigia de Janaúba, Damião Soares dos Santos, li informações sobre seu desequilíbrio mental. Em 2014, procurou a Promotoria do município para denunciar a mãe que, segundo ele, tentava envenená-lo pela comida. Foi encaminhado ao Caps (Centro de Atenção Psicossocial), mas me parece que não há registro de que tenha de fato se tratado.

Não é de agora que me preocupo com uma avaliação mais pormenorizada da saúde mental no atendimento a crianças e adolescentes. Não basta a preocupação com vacinas, verminose e exame da parte física. Há crianças que trazem um histórico de desarmonia interna desde o ventre materno: mães dependentes químicas, que são “massacradas” pelos companheiros antes, durante e após a gravidez; alimentação precária materna; pré-natal irregular; hereditariedade com histórico de demência... Certos sinais são dados pela criança em seu crescimento e já no período escolar, porém, inúmeras vezes, são interpretados como “birra”, falta de limites, rebeldia... Entretanto, algumas reações, ainda na infância, decorrem de um problema psiquiátrico que, sem o tratamento adequado, poderá, no futuro, se transformar em ato cruel. Vivemos numa sociedade desatenta aos indícios de atrocidades.

Rezo para que se consiga extirpar do mundo a chaga purulenta que o envolve.

 

 

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -

 Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.