Advogado rebate vereadores que anunciaram votos para cassar colega em Vilhena e explica a “ira” de um deles

Em entrevista ao FOLHA DO SUL ON LINE, na tarde desta terça-feira, 02, o advogado Newton Schramm, que atua na defesa do vereador Célio Batista (PR), alvo de uma CPI na Câmara de Vilhena, comentou as acusações que, tanto ele quanto o parlamentar, sofreram na sessão de ontem, que acabou adiada. Lembre aqui.
Schramm disse que, ao contrário do que afirmaram os vereadores, nem ele nem Célio “fugiram” para não receberem a intimação. O advogado disse que seu cliente foi orientado por ele a não receber o documento, pois desconhece as 7 mil páginas do processo. “Quando me ligaram ao meio dia de quinta-feira, véspera do julgamento, eu estava a caminho da cidade de Comodoro, no Mato Grosso”, revelou, acrescentando que “houve tempo mais do que suficiente para promover a intimação com prazo mínimo necessário para um boa defesa, como determina a lei. Deixaram para a última hora, então, não podemos ser acusados de retardar o procedimento”.
O profissional do direito se disse surpreso pelo fato de a Câmara ter mantido a sessão, e demonstrado publicamente a intenção de cassar o vereador, mesmo com duas decisões manifestando que o relatório da CPI não poderia resultar na perda do mandato de Célio.
NULIDADES
Segundo Schramm, ele mesmo protocolou outra ação na justiça apontando uma série de nulidades na CPI. São, segundo ele, procedimentos ilegais que fatalmente levarão à anulação de todo o trabalho. “Por que passar por esse transtorno?”, questionou, lembrando que o Tribunal de Justiça já mandou paralisar outra CPI justamente por causa das mesmas falhas que se repetem na investigação contra Batista.
“ÍNTEGRO”
Schramm classificou como “íntegro” o vereador investigado, disse que ele não tem nenhuma condenação e garantiu que irá provar sua inocência na justiça. O advogado argumentou que configura uma falta de bom senso querer penalizar uma pessoa que deve ser absolvida nos tribunais. “A suposta quebra de decoro apontada para justificar a punição que os vereadores já anunciaram, é apenas o fato de o investigado estar respondendo a uma acusação, que no meu entender, não se sustenta”.
DESELEGÂNCIA
Ao comentar as ofensas manifestações antecipadas de votos contra Célio, por parte dos vereadores Carlos Suchi (Podemos) e Rael Zigue (PTB), o defensor classificou como “deselegante” o comportamento dos dois edis. “Ao pré-julgar, e pior que isso, dirigir insultos ao colega, eles demonstraram pouco respeito pela lei. Afinal, sequer ouviram a versão da defesa. Isso demonstra despreparo de ambos para o exercício da nobre missão de julgadores. Seria uma cassação por motivos políticos, e não pela alegada quebra de decoro”.
QUESTÕES PESSOAIS
Para Schramm, é compreensível o “comportamento irado” de Suchi contra seu cliente, que teria sido motivado por uma simples divergência política. O advogado relata que, na véspera de sua posse, em janeiro do ano passado, Suchi, que pretendia disputar a presidência da Câmara, propôs uma “dobradinha” com Célio, para que os dois comandassem a Casa por quatro anos. Pela proposta do agora acusador, ele apoiaria o atual investigado e, em troca, receberia o apoio dele para os dois últimos anos da legislatura. “O Célio tinha o voto decisivo, mas mesmo assim não aceitou para não trair os companheiros. Ele aceitou ficar com seu grupo político, mesmo sem chance de comandar a Casa. Isso despertou a ira do Suchi”.