Alexandre de Moraes é sorteado novo relator sobre acusações de Sergio Moro
Nesta última terça-feira (20), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, conduziu o sorteio para definir o novo relator do inquérito cujo objetivo é verificar se as acusações do ex-ministro Sérgio Moro contra o presidente Jair Bolsonaro têm fundamento.
O processo de escolha ocorreu com o auxílio do sistema eletrônico da corte, o qual escolhe aleatoriamente um novo ministro responsável por determinado processo recém-chegado no STF ou, como no caso do referido inquérito, quando um ministro se ausenta ou é incapaz de dar curso ao que lhe foi anteriormente atribuído.
Neste caso, Alexandre de Moraes foi sorteado em virtude da aposentadoria do antigo relator, o ministro Celso de Mello, que se despediu do cargo no último dia 13.
Outros carnavais
Para quem não se lembra, Moraes tem algo em comum com as próprias acusações de Moro. Foi justamente o ministro Alexandre de Moraes quem barrou a posse de Alexandre Ramagem, amigo de um dos filhos de Bolsonaro, para o comando da Polícia Federal. A posse de Ramagem aconteceria logo após Moro renunciar ao cargo de Ministro da Justiça. Tal renúncia ocorreu pelo fato do presidente da República ter forçado a saída de Maurício Valeixo, indicado de Moro para comando da corporação.
Naquele contexto, Jair Bolsonaro foi questionado inúmeras vezes sobre suas presunções em relação à PF (Polícia Federal).
A tal fatídica reunião
Para ficar mais claro, pouco antes da saída de Moro do governo, Bolsonaro afirmara em reunião ministerial em 22 de abril deste ano que, se necessário fosse, ele trocaria qualquer ocupante de cargo na linha de comando da Polícia Federal, se isso não resolvesse, ele trocaria de ministro. O que ele não permitiria era sua família ser prejudicada, acrescentou em seguida. O presidente assim disse, porém com termos bem menos elegantes, digamos.
A fala presidencial tinha de pano de fundo uma conversa por WhatsApp com o então ministro da Justiça Sérgio Moro, na qual Bolsonaro confrontava o ex-juiz de Curitiba com a retirada de Valeixo e nomeação de Ramagem. Moro ao questionar qual a justificava e se isso não recairia em motivações políticas, o presidente não justificou, mas confirmou que os motivos seriam, sim, políticos.
Renúncia e acusações de Moro
Dois dias após a reunião, no dia 24 de abril, Moro renuncia e se dispõe a colaborar com a Polícia Federal. Cinco dias depois, 29 de abril, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, manda suspender a nomeação de Alexandre Ramagem como diretor-chefe da Polícia Federal. Por fim, no dia 12 de maio, o agora ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, comparece à sede da Polícia Federal para dar explicações sobre as acusações relativas à parcialidade de Jair Bolsonaro com relação a mesma corporação.
Pelo andar da carruagem, com o sorteio de Moraes para relator desse processo todo essa história não terminará aí, aguardemos pelos próximos capítulos.