Alô PF, governo de Rondônia comprou hospital por R$ 12 milhões sem necessidade

26 de junho de 2020 311

Apenas Porto Velho contaria com 193 novos leitos sem recorrer a compra da Regina Pacis

O governo de Rondônia, comandado por Marcos Rocha comprou a maternidade Regina Pacis, um prédio totalmente inadequado ao preço de R$ 12 milhões para servir de ‘hospital de campanha permanente”, para atender os pacientes com Covid-19. A justificativa era a “falta de leitos’ na rede pública para atender a demanda.

Antes dessa compra, porém, o governo tentou alugar o hospital Prontocordis, e falhou miseravelmente porque parte da imprensa denunciou. Acuado ao ter que dar explicações sobre os motivos de torrar R$ 9 milhões na locação, o governo recuou.

Mas, logo em seguida efetuou a compra da maternidade, que precisou passar por uma ampla reforma, e na tarde da última a quarta-feira, entregaram 12 leitos de UTI, em uma solenidade que aglomerou mais de 100 pessoas.

A questão é que, tanto a tentativa de locação quanto a compra da maternidade foram totalmente desnecessárias, tendo em vista que a Assembleia Legislativa alugou do Hospital do Amor uma ala inteira, com 61 leitos, sendo que 12 são de Terapia Intensiva (UTI). Vamos fazendo as contas.

Até o momento, de acordo com o próprio governo, 85% das vagas em UTIs estavam ocupadas.

Em maio deste ano veio à público a informação que no Hospital de Base em Porto Velho uma ala inteira onde funcionava o almoxarifado poderia ser concluída gastando cerca de R$ 1 milhão e de imediato ofereceria 56 leitos, com a vantagem de ter concomitantemente, Raio-X, Tomografia Computadorizada para exames pulmonares, ventiladores, UTIs e ainda 14 salas cirúrgicas, Laboratório 24 horas, enfermaria de hemodiálise, banco de sangue e 2.800 servidores se revezando em turnos de trabalho. De acordo com profissionais de saúde que informaram sobre esse espaço ao jornal eletrônico Nahoraonline, essa enfermaria poderia de forma emergencial chegar a 80 leitos a serem implantados.

Teríamos até aqui, 141 leitos, lembrando que até agora estamos falando apenas de novos espaços de atendimento.

Na noite da última quinta-feira, o deputado federal Léo Moraes, líder do Podemos na Câmara dos Deputados, mostrou que o Estado ainda dispõe de mais 52 leitos no CERO, uma unidade recém-construída no bairro Mariana, totalmente montada incluindo uma farmácia abastecida, equipamentos de proteção individual e pronta para adaptar pelo menos 10 leitos de UTI. De acordo com o parlamentar, a unidade foi ‘escondida’ para justificar a compra da maternidade.

Teríamos então até agora, 193 leitos novos, até aqui sem precisar do Regina Pacis.

A compra da maternidade, até agora, não se mostrou necessária.

Mas, alguém vai falar, “ain, o Léo Moraes é candidato a prefeito e por isso está fazendo confusão”. Independente do futuro incerto de Léo Moraes, o ponto principal da questão é que, o governo está gastando descontroladamente e sem fiscalização efetiva por parte dos órgãos de controle que estão sendo induzidos à erro com manobras, no mínimo, nebulosas.

E nem estamos falando aqui sobre leitos no interior do Estado, e nem dos municípios. Se o governo de Marcos Rocha fosse minimamente responsável e tivesse um planejamento claro, estaria operando em parceria com os municípios, que estão adotando medidas por conta.

Quando falamos em “compra emergencial”, é porque se trata de uma emergência, e não de uma coisa que vai levar quase 70 dias para ser parcialmente entregue. O governo tem unidades que poderiam ser rapidamente adaptadas e utilizadas sem a necessidade de comprar prédios ou fazer reformas dispendiosas. O dinheiro usado na compra do Regina Pacis, poderia, por exemplo, ter sido usado em auxílios a população que está desempregada. Já que o governo se preocupa tanto com a economia, deveria saber que dinheirosa conta de milhares de pais de família, seria um incentivo para manter-se em isolamento. Mas é apenas uma sugestão.

Faça as contas, quanto dinheiro poderia ter sido economizado se houvesse planejamento? E os testes rápidos, comprados sem registro na Anvisa, que também eram ‘emergenciais’ e foram entregues sob pressão da imprensa, porque pelo governo estaria esperando até hoje?

O que falta para a Polícia Federal chutar a porta do Palácio? Tenho certeza que, se fosse um governador tucano ou petista, já tinha gente na cadeia há tempos…

 

PAINEL POLITICO (ALAN ALEX)

Alan Alex Benvindo de Carvalho, é jornalista brasileiro, atuou profissionalmente na Rádio Clube Cidade FM, Rede Rondovisão, Rede Record, TV Allamanda e SBT. Trabalhou como assessor de imprensa na SEDUC/RO foi reporte do Diário da Amazônia e Folha de Rondônia é atual editor do site www.painelpolitico.com. É escritor e roteirista de Programas de Rádio e Televisão. .