Ao tentar esvaziar denúncias sobre pescado sem procedência, Associação de Criadores de Peixe está trocando as bolas e alimentando confusão
As denúncias não são contra psicultura do estado – e é incompreensível que a entidade não consiga separar uma questão da outra
Porto Velho, RO – Matéria publicada nesta segunda-feira (13) no site Tudo Rondônia traz as considerações da Associação de Criadores de Peixes de Rondônia (ACRIPAR) acerca de denúncias envolvendo o comércio regional.
ENTENDA
Denúncias sobre a piscicultura de Rondônia são infundadas, afirma associação
Infelizmente, não se sabe ainda por quais motivos, a entidade, ora representada pelo presidente Francisco Hidalgo Farina, ao se pronunciar contra algo inexistente acaba criando e reforçando um falso estigma que sequer foi trazido à baila.
É a instalação total da confusão, da perturbação dos fatos. E pior: o tumulto é patrocinado por quem deveria contribuir com os esclarecimentos – e é isso que não se encaixa no enredo.
A psicultura e sua cadeia produtiva jamais foram alvos de questionamentos. Aliás, a reportagem veiculada pelo site de notícias Rondônia Dinâmica na última quinta-feira (09), por exemplo, inicia da seguinte maneira a fim de não deixar dúvidas:
“Rondônia já encabeça pelo menos desde 2017 o ranking dos estados onde a qualidade da produção de peixes chegou ao patamar próximo à perfeição. Com a indústria regional cada vez mais comprometida com os rigorosos processos ligados à criação do peixe em cativeiro, o consumidor, teoricamente, não deveria ter com o que se preocupar”.
Os problemas giram em torno da irresponsabilidade de alguns empresários na hora de adquirir o pescado e repassá-los ao consumidor, tudo isso sem que estes compreendam os riscos, incluindo perigos à saúde.
Esses donos de mercado fazem questão de ignorar todos os procedimentos exaltados pela própria ACRIPAR sem se importar com as consequências.
Logo, a cadeia especializada de produção e consumo fora rompida por um único elo que faz questão de pisotear economia, indústria, o produtor legal e até mesmo a vida dos clientes. Afinal, vale tudo pelo lucro.
Todas as manifestações são claríssimas nesse sentido. Como justificar que, num único caso, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) tenha sancionado determinado empreendimento por tentar vender quase oito toneladas de peixe sem procedência?
Se o pescado de Rondônia passa por um processo rigorosíssimo de tratamento para que possa chegar aos estabelecimentos e desembocar na mesa do rondoniense, o que a expressão “sem procedência” faz nos autos de infração do IBAMA lavrado contra o supermercado em questão?
Não é preciso ser especialista em psicultura para compreender que o setor produtivo e a indústria não têm nada a ver com a história. Aliás, pelo menos não como vilões.
Soa, ao menos para um leigo como eu, que ambas se juntam à toda população na condição de vítimas, sacramentadas ou em potencial.
Daí que o discurso de Farina surge como desserviço, especialmente porque visa minar as imputações que deveriam ser verificadas com muito mais rigor pelos órgãos municipais de fiscalização (Vigilância Sanitária, por exemplo) e, mais ainda, através da atuação do Ministério Público (MP/RO).
Espero, honestamente, que o brado seja resultado de desatenção e afoitamento.
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VISÃO PERIFÉRICA
POR: VINICIUS CANOVA