Apesar do lockdown o coração falou mais alto

6 de maio de 2020 469

Embora, no Brasil, a mídia tenha consagrado a quarentena, ou isolamento horizontal, como um consenso científico, de fato, não é bem assim. O coronavírus, além de ser um vírus novo, é um vírus extremamente mutável. Então, há uma corrente grande a favor de que haja a contaminação do “rebanho”, ou seja, o vírus se dissemine para que as pessoas desenvolvam antivírus. E, não são poucos os cientistas que dizem que se não houver este tipo de desenvolvimento, o vírus pode se tornar muito mais perigoso, de vez que, quando não encontra formas de sobreviver o vírus se transforma e se torna mais letal (dizem que o vírus possui já identificadas 150 mutações). Um estudo de Harvard afirma que tentar superar o vírus, agora, pode resultar em muito mais estresse e mais mortes a longo prazo, segundo os pesquisadores. Eles também concluem que esse vírus não desaparecerá por si próprio. Ou se devolve um remédio ou uma vacina ou não tem jeito. Por essas razões, e que, como economista, tenho a certeza de que a quarentena, como comprovam estudos do King’s College London (Reino Unido) e da Australian National University-ANU com o isolamento social se pode estar praticando um crime de lesa humanidade, com o retorno de padrões de renda de 30 anos atrás  (https://www.jornaldacidadeonline.com.br/noticias/19841/como-o-isolamento-social-pode-estar-se-tornando-um-crime-de-lesa-humanidade),  considero que olhar a questão somente sobre a ótica da doença é irracional, pois, sob o conceito de saúde, que a própria Organização Mundial de Saúde-OMS adota não se pode desconsiderar a economia. O sueco Anders Tegnell, que defende, e é o maior representante da tese, de que a estratégia adequada de combate a epidemias baseado na convicção, por motivos científicos, de que é menos prejudicial, no longo prazo, promover a imunidade de grupo em lugar da quarentena total tem como maior rival, com, a tese oposta, Neil Ferguson, conhecido como Professor Lockdown, que projeta, por meio de um modelo por ele desenvolvido, sem a quarentena, o crescimento do vírus com números, e mortes, catastróficas. Epidemiologistas e matemáticos, agora, ganharam notoriedade por causa do vírus, mas, isto está longe de poder afirmar que seus modelos e teses estão corretos. A ironia é que Ferguson, como a pandemia foi politizada, ganhou a simpatia de órgãos e pessoas de esquerda, mesmo sendo colaborador de um governo conservador. Ele também já tem em seu currículo dois grandes fracassos, de vez que prognosticou também números catastróficos para a vaca louca e a gripe aviária, que tiveram números bastante insignificantes. Agora, porém, teve que se demitir da comissão de peritos que assessora o governo – em inglês, o acrônimo é SAGE, ou sábio, por causa de um escândalo amoroso. Sua amante atravessou Londres para ter encontros amorosos com ele. Ou seja, ela quebrava as regras do isolamento para vê-lo. Foi o suficiente para que Iain Duncan Smith, ex-líder do Partido Conservador e pouco simpático ao isolamento extremo por causa dos devastadores efeitos econômicos, afirmasse dele que “Cientistas como ele estão nos dizendo o que devemos fazer, mas ele está fazendo o que quer” e concluiu “Ele quebrou suas próprias regras. É difícil de acreditar que um homem inteligente faça isso. Além do risco de prejudicar a mensagem do governo sobre o lockdown”. Neil Ferguson se deu mal não por seu modelo, até agora, mas, pelo seu coração (o que, convenhamos, só mostra que não é normal para os seres sociais ficarem isolados), porém, não deve sair do centro do debate na medida em que, mais do que nunca, na história humana, nenhum tema foi tão politizado e tantos cientistas se concentraram na previsão e no combate a um vírus em tempo real. 

A POLITICA VISTA POR UM POETA ( SILVIO PERSIVO

Colaborador do quenoticias.com.br, Silvio Persivo é Economista com Doutorado em Desenvolvimento Sustentável pelo NAEA, escritor, poeta e professor de Economia Internacional e Planejamento Estratégico da UNIR. E-mail: silvio.persivo@gmail.com