"Assédio sexual? Acho que Portugal não é exceção, não vivemos num oásis"

23 de novembro de 2017 698

Edite Estrela dedica à opinião a mesma clareza e rigor que dedica à língua. Professora durante vários anos, compreende os anseios do setor da Educação e partilha das suas frustrações, mas deixa claro que as decisões tomadas têm de ser sustentáveis, não se deixando mover pelas "lágrimas de crocodilo" de uma oposição que sempre "maltratou" o ensino.

A mesma oposição, reflete a deputada socialista, que não se coíbe de tentar "capitalizar os bons resultados da ação governativa" do PS, nem de "recorrer a todos os meios para se evidenciarem" durante as situações de crise e daí retirar "dividendos políticos".

Como presidente da Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto e membro suplente da Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias e da Comissão dos Assuntos Europeus, Edite Estrela dá o seu contributo em várias áreas, como Direitos Humanos, direitos da Mulher e Saúde, atuando ainda como diretora do Ação Socialista Digital, jornal oficial do PS.

Em entrevista ao Notícias ao Minuto, a deputada socialista abordou, ainda, questões como a necessidade do escrutínio aos órgãos de soberania, na sequência da discussão em torno do polémico acórdão do Tribunal da Relação do Porto, e o assédio sexual nos locais de trabalho, um tema que urge chegar à opinião pública.

Marcelo Rebelo de Sousa pedia um "novo ciclo político" antes das autárquicas. Como vê a prestação do Governo agora?

O Governo já mostrou que havia uma alternativa à austeridade pela austeridade, provando que é possível reduzir défice orçamental e a dívida pública e ao mesmo tempo repondo salários e pensões, aumentando salário mínimo e reduzindo impostos.

Portugal conseguiu sair do procedimento por défice excessivo e até as agências de rating nos retiraram da situação de lixo. Ao mesmo tempo, tem havido um aumento do investimento público e privado, mesmo estrangeiro, têm aumentado as exportações e tudo isto se traduz no aumento de confiança dos consumidores e dos agentes económicos.

Portanto, isto são boas notícias, até mesmo do ponto de vista da imagem internacional de Portugal, que tem vindo a melhorar substancialmente. Estive em Estrasburgo, na reunião do Conselho da Europa e os meus colegas do grupo socialista manifestavam a sua surpresa e admiração pelo facto de Portugal ter estado, não há muito tempo, numa situação de resgate e estar agora numa situação que é olhada pelos Estados-membros como exemplar. Inclusivamente em relação à própria solução governativa, que no início era olhada com surpresa e até desconfiança e que agora é olhada com admiração. Mesmo aqueles que criticaram têm de se render à evidência dos resultados.