Assessor da SEJUS condicionou pagamento se empresa fizesse suposta “doação” à campanha de Marcos Rocha

27 de outubro de 2018 680

Empresários denunciaram tentativa de extorsão, que foi gravada, ao Ministério Público Eleitoral de Rondônia

 

Uma grave denúncia foi feita no último dia 17 ao Ministério Público Eleitoral em Rondônia. Empresários que prestam serviços ao governo do Estado, na secretaria de Justiça, afirmaram ter sido abordados pelo assessor Thiago Muzuco, do atual secretário de Justiça, Adriano de Castro, que exigiu pagamento de R$ 175 mil para serem usados supostamente na campanha do candidato Marcos Rocha (PSL), ex-secretário de Justiça, em troca da liberação de pagamentos atrasados e renovação do contrato a partir de 2019.

Foram ouvidos pelo promotor de Justiça Rogério José Nantes os proprietários da empresa. De acordo com o depoimento de um dos empresários, ele afirma que um de seus contratos com a SEJUS venceu em setembro deste ano, e segundo ele, “perto do vencimento começamos a ser procurados pela pessoa de Thiago, o qual é coordenador da Gerência de Infraestrutura da SEJUS, pessoa que queria falar conosco a respeito da renovação do contrato. No entanto, o mesmo acabou por comparecer na minha empresa, no período noturno, há aproximadamente uns dez dias atrás (o depoimento foi dado em 17 de outubro), de posse de uns papéis, afirmando que minha empresa tinha muito lucro e que eles haviam feito um cálculo na SEJUS que demonstrava que esse lucro e que os preços estariam superfaturados, o que, absolutamente, não é verdadeiro. Thiago afirmou que, em razão disso, a SEJUS talvez poderia cancelar o contrato. Thiago também afirmou que  para que fosse possível renovar o contrato, o Secretário da SEJUS Adriano falou que seria necessária uma contribuição ao fundo partidário no valor de R$ 175 mil. Pelo cálculo que havia sido feito, o lucro da empresa seria de R$ 325 mil e que a empresa poderia, portanto, fazer a doação na quantia solicitada. Na hora fiquei nervoso, meu sogro estava junto e conversou a conversar com Thiago. Minha esposa também presenciou tal conversa, falamos que não tínhamos o dinheiro e que não havia condições de levantar a quantia.”

Termo de declaração feito ao Ministério Público Eleitoral em 17 deste mês. Os nomes foram preservados para evitar retaliações

 

O empresário continuou, “Fomos ao CPA, até o gabinete da SEJUS onde fomos recebido por Thiago, que condicionou o pagamento de débitos pretéritos à doação. Essa conversa foi gravada“. Ele prossegue dando detalhes do encontro, e afirma que os valores foram reduzidos para R$ 150 mil, e que sua empresa tinha créditos para receber desde julho deste ano, mas a liberação desses pagamentos estava condicionada a “doação”.

Todas as conversas com Thiago foram gravadas. O assessor do secretário afirmou ainda que “a proposta do secretário era aquela e que poderia levar uma contraproposta ao secretário”. Também disse que “o dinheiro poderia ser entregue de uma vez, não poderia ser parcelado” e que “para ajudar a empresa a conseguir o dinheiro, pagaria as três notas pendentes, uma no valor de aproximadamente R$ 87 mil, e as outras de R$ 10 mil cada”.

O empresário afirma ter ficado indignado com o achaque, “minha empresa ganhou o contrato de forma correta, através de pregão eletrônico”.

Os empresários entregaram o aparelho telefônico que contém quase 7 horas de gravação, dos diversos encontros com o secretário e com o assessor. Também foram entregues “prints” das telas de suposta conversa entre Thiago e o secretário Adriano, que teriam sido enviadas pelo próprio Thiago para comprovar que o secretário acompanhava as negociações.

As gravações foram feitas sob orientação do próprio Ministério Público. Em uma das conversas, a filha do empresário fala sobre a campanha de Marcos Rocha, e afirma que gostaria de falar “diretamente com o candidato”, porque segundo ela “quem não é visto, não é lembrado”.

Trecho da conversa degravada. A gravação foi feita sob orientação do Ministério Público

(empresária) Mas, a minha preocupação maior agora é ser vista, porque quem não é visto não é lembrado.

Tiago: Perfeito!

Empresária: Então minha condição é essa.

Tiago: Tá bom.

Empresária: A minha condição é essa. Não precisa, sei lá, o candidato Marcos…

Tiago: Porque hoje em dia eu tento… Ninguém consegue falar com Marcos Rocha hoje, né?! Hoje em dia o Marcos Rocha é o homem procurado.

COM A PALAVRA O SECRETÁRIO ADRIANO DE CASTRO:

Sobre a notícia veiculada “Assessor da SEJUS condicionou pagamento se empresa fizesse suposta “doação” à campanha de Marcos Rocha” na Coluna Painel Político, na data de hoje (26/10/18), o Secretário de Justiça Adriano de Castro, vem a público esclarecer que, em nenhum momento condicionou o pagamento de contratos ao recebimento de qualquer vantagem indevida que seja, muito menos coaduna com este tipo de comportamento.

No tocante ao eventual ato ilícito cometido pelo Assessor, ou qualquer outro servidor que seja, a responsabilidade administrativa será apurada.

Quanto à preferência pelo candidato apontado na matéria, informo que em nenhum momento me posicionei publicamente, posto que o partido político a qual integro, o PSB, decidiu pela neutralidade neste segundo turno.

Por fim, informo que a SEJUS sob a minha gestão sempre foi às claras, e que prestarei todas as informações que o Ministério Público requerer, e desde já me ponho a disposição.

ADRIANO DE CASTRO
Secretário de Justiça

O governo não se pronunciou sobre as denúncias. O Ministério Público Eleitoral deve se manifestar nos próximos dias. A coluna disponibiliza espaço para as manifestações do candidato Marcos Rocha e do assessor.

PAINEL POLITICO (ALAN ALEX)

Alan Alex Benvindo de Carvalho, é jornalista brasileiro, atuou profissionalmente na Rádio Clube Cidade FM, Rede Rondovisão, Rede Record, TV Allamanda e SBT. Trabalhou como assessor de imprensa na SEDUC/RO foi reporte do Diário da Amazônia e Folha de Rondônia é atual editor do site www.painelpolitico.com. É escritor e roteirista de Programas de Rádio e Televisão. .