Aumenta punição pelas ‘pedaladas fiscais’, mas Dilma continua candidata ao Senado

9 de agosto de 2018 288

Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu nesta quarta-feira (8) aumentar a punição de alguns envolvidos nas chamadas "pedaladas fiscais". Em outros casos, a Corte retirou as multas aplicadas (leia os detalhes mais abaixo).

No entendimento do tribunal, as "pedaladas fiscais" praticadas entre 2013 e 2014, no governo Dilma Rousseff, consistiram em os bancos públicos pagarem programas sociais do governo – entenda ao final esta reportagem.

Ao analisar o caso nesta quarta, o TCU aumentou de cinco para oito anos o tempo em que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega está inabilitado a ocupar cargos de comissão e funções públicas de confiança.

O tribunal ainda decidiu inabilitar o ex-presidente do Banco do Brasil Aldemir Bendine, também ex-presidente da Petrobras.

G1 buscava contato com as defesas dos dois. Eles ainda podem recorrer ao TCU, apresentando os chamados "embargos de declaração". Se os recursos forem feitos, as punições serão suspensas até o julgamento.

Há cerca de dois anos, Dilma sofreu impeachment porque, no entendimento da maioria do Congresso Nacional, em 2015 o governo voltou a praticar as "pedaladas".

Na ocasião, ela e os ministros responsáveis pelos programas negaram a acusação e afirmaram que a perda do mandato de Dilma foi um "golpe".

Mantega

Para o relator, ministro Walton Rodrigues, o aumento da punição a Mantega é justificável porque o ex-ministro estava à frente da equipe econômica que definiu as estratégicas e "maquiou" os resultados das contas públicas.

 

Com a mudança de punição decidida nesta quarta, o tempo que Mantega ficará proibido de ocupar cargos públicos se iguala à punição aplicada ao ex-secretário do Tesouro Nacional Arno Augustin. Em 2016, os dois também foram multados em R$ 54 mil.

O que o TCU decidiu

>>> Punições:

  • Guido Mantega: Tempo de inabilitação para cargos e funções públicas passou de cinco para oito anos;
  • Aldemir Bendine: Inabilitação para cargos e funções públicas por seis anos e aumento da multa de R$ 30 mil para R$ 50 mil.

>>> Cancelamento de multas:

  • Jorge Hereda (ex-presidente da Caixa): cancelamento da multa de R$ 30 mil;
  • Alexandre Tombini (ex-presidente do Banco Central): cancelamento da multa de R$ 30 mil;
  • Túlio Maciel (ex-chefe do departamento econômico do BC): cancelamento da multa de R$ 25 mil.

O relator do caso chegou a propor a inabilitação e o aumento da multa aplicada a Luciano Coutinho, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A maioria dos ministros, contudo, seguiu o entendimento de José Múcio, que propôs não inabilitar o ex-presidente do BNDES.

Entenda as 'pedaladas'

O tribunal aponta que, entre 2013 e 2014, o governo Dilma Rousseff atrasou "sistematicamente" o repasse de recursos à Caixa, ao Banco do Brasil e ao BNDES destinados ao financiamento de programas sociais, entre os quais Bolsa Família, Abono Salarial, Seguro Desemprego, Plano Safra e Programa de Sustentação do Investimento (PSI).

Sem os repasses, diz o TCU, os bancos pagaram, com dinheiro próprio, as despesas com os programas, o que era responsabilidade do governo.

O TCU entendeu, ainda, que as instituições fizeram empréstimos à União, proibido pela Lei de Reponsabilidade Fiscal (PRF), com o objetivo de "maquiar" as contas públicas.

O tribunal também questionou o fato de as dívidas do governo com os bancos "não estarem sendo computadas na Dívida Líquida do Setor Público"ase para a avaliação do cumprimento, pelo governo, das metas fiscais estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias. (G1.com)