O principal desafio é que, diferente de outras crises, agora o governo não tem como colocar dinheiro para estimular a economia.
A deterioração das contas públicas torna ainda mais difícil a retomada do crescimento.
"O reaquecimento [da economia] depende do empresário, já que o governo não vai conseguir fazer os investimentos necessários neste primeiro momento", diz o técnico de planejamento e pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) Leonardo Mello de Carvalho.
Do outro lado, os empresários aguardam a aprovação da reforma da Previdência, mais como uma sinalização do que como uma salvação, acrescenta a professora Virene Matesco.
"O governo é avaliado pelos investidores pela maneira como ele conduz a política fiscal. Se você é um governo que não consegue sanar seus próprios compromissos, eu não confio em você. Então a reforma da Previdência é esse sinal. Ela não é necessária para o crescimento de hoje, mas é o começo."
O técnico do Ipea ressalta que a demora para aprovar a mudança nas aposentadorias, além de travar outras discussões importantes para reestruturar a economia brasileira, alimenta a incerteza.
"A aprovação da reforma muda o humor, sem dúvida, mas em termos de recuperação da produção, isso ficaria para 2020."
Para ele, "é alarmante" a queda dos investimentos no país. No primeiro trimestre de 2014, a taxa de investimento era de 17,7% do PIB. No último levantamento, ficou em 15%.
A professora da FGV destaca que o Brasil acumula 30% de queda dos investimentos desde antes da recessão.
"Ou seja, estamos reduzindo a nossa capacidade de produção de longo prazo. O investimento de hoje é a capacidade de produção de amanhã. Se está caindo sucessivamente nos últimos cinco anos, a nossa capacidade de crescer de forma sustentável é cada vez menor."