Cabelereiro usa embalagem de shampoo e faz próteses para crianças

30 de agosto de 2019 618

Um cabeleireiro aposentado criou um projeto para fabricar próteses para crianças usando plástico reciclado de embalagens de shampoo.

Durante seus 40 anos de experiência, o cabeleireiro Bernie Craven, vivenciou o desperdício diário nos salões de beleza da Austrália.

E descobriu que não apenas o cabelo, mas também embalagens de shampoo e condicionador podiam ter fins diferentes.

 

Foi aí que ele teve a ideia de reaproveitar o plástico para ajudar quem precisa fazendo próteses provisórias que se tornem mãos robóticas definitivas.

Para fabricar os protótipos, a empresa dele fez uma parceria com a ONG E-Nable, que produz próteses em 3D para crianças ao redor do mundo.

Uma vaquinha online também tem ajudado: pouco mais de 10 mil dólares australianos, cerca de R$ 28 mil, foram arrecadados até agora.

Testes

Duas crianças que nasceram sem a mão esquerda, Connor Wyvill, de 11 anos, e Haley Wright, de 12 anos, foram as primeiras a experimentar as próteses criadas pela Waste Free Systems, empresa fundada por Craven.

O empresário conta que as crianças estão usando as mãos biônicas há mais de dez semanas e o resultado tem sido positivo.

Eles amam esportes e ganharam uma outra prótese à parte só para andarem de bicicleta.

O teste das próteses com os meninos é um primeiro passo para que os aparelhos comecem a ser comercializados.

“Ambos sentiram que elas eram um pouco longas e queriam ter mais controle nos dedos, então fizemos alterações”, conta Craven. Em breve, o menino e a menina devem receber uma nova versão.

Como

Para desenvolver as primeiras próteses, o plástico coletado nos salões de beleza é destinado a um armazém, onde é selecionado.

Os passos seguintes são lavar, secar e picar os polímeros. Depois, um desumidificador resseca o material, que é colocado, na sequência, em uma máquina de extrusão.

O aparelho força o plástico para que ele saia em forma de filamento – esse fio, por sua vez, é usado para imprimir a mão em 3D.

O primeiro protótipo criado nesse sistema demorou nove horas para ser impresso e exigiu 42 metros de plástico.

O projeto ganhou uma bolsa de pesquisa na Universidade de Tecnologia de Sydney.

Um engenheiro da universidade e estudantes de outras instituições australianas, como a Universidade de Queensland e a Universidade de Sunshine Coast, estão ajudando na parte técnica do trabalho.

Reciclados

Atualmente, a Waste Free Systems oferece a diversos salões na Austrália caixotes para que cada empresa separe seus materiais recicláveis, impedindo que até 90% do material seja descartado incorretamente.

O foco é recolher especialmente o plástico, mas também são reciclados outros materiais, como papelão, vidro, ferramentas eletrônicas, produtos químicos e cabelo – usado para produzir fertilizantes usados em jardins comunitários locais.

“Nosso plano de negócio é reduzir o lixo levado aos aterros e, desse modo, reverter o impacto no meio ambiente, educando empresários para que eles reimaginem e reorganizem seus desperdícios de uma maneira melhor”, afirmou Craven.

Pontos de descarte Foto: divulgação

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Com informações da Galileu