Cerrado Mineiro já exporta café baixo carbono

30 de novembro de 2022 404

Após conquistar a primeira certificação de cafeicultura de baixo carbono, a Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado de Monte Carmelo (monteCCer) quer avançar para o café carbono neutro. A iniciativa é considerada essencial para que a produção seja cada vez mais sustentável, contribua para a neutralização do carbono no mundo e traga mais rentabilidade aos produtores. 

O avanço para um café carbono neutro, segundo o superintendente da monteCCer, Regis Damásio Salles, depende de um trabalho conjunto e organizado de toda a cadeia produtiva do café desde o produtor, passando pelo transporte, cooperativas, indústrias – torrefação, químicos, biológicos, entre outras – até o produto final.  

Para apresentar o café certificado, conscientizar sobre a importância da descarbonização da cafeicultura e atrair o interesse da cadeia, a monteCCer organizou a primeira jornada “O Mercado e o Café Carbono Neutro”, realizada entre 29 e 30 de novembro, em Monte Carmelo, no Sul de Minas.

O evento tem a intercooperação e correalização das cooperativas que integram o setor cafeeiro da região do Cerrado Mineiro como Expocaccer, Carmoccer, Carpec e Coocacer e o apoio da Federação dos Cafeicultores do Cerrado e da Fundação de Desenvolvimento do Cerrado Mineiro (Fundaccer).

Reunindo mais de 350 pessoas entre especialistas, pesquisadores e representantes de toda a cadeia do café, o evento tem o objetivo de conscientizar sobre conservação do ecossistema, compartilhar ideias, mostrar a evolução do conhecimento que envolve toda a cadeia do café e promover a integração entre os elos, agregando mais valor à agroindústria do grão.

Ainda segundo Damásio, o programa de descarbonização da monteCCer foi iniciado em 2018, quando 38 fazendas associadas da cooperativa decidiram fazer um inventário de sustentabilidade. Estas unidades estavam completando dez anos de certificações de boas práticas agrícolas.

Foram desenvolvidos e aplicados indicadores socioambientais que resultaram no inventário da sustentabilidade com os dados coletados sobre solo, fauna, flora, recursos hídricos, uso de defensivo e fertilizantes.

“O inventário permitiu que a gente identificasse a evolução das boas práticas. Na época, optamos por trabalhar e evoluir mais nas boas práticas com relação ao balanço das emissões de gás de efeito estufa gerados pelas produção de café”, explicou.

O resultado, que foi certificado pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal (Imaflora), mostrou que a produção de café nas propriedades mais sequestra carbono do que emite. O inventário concluiu que as unidades da monteCCer emitem 3,80 toneladas de CO₂ por hectare ao ano – 65% em comparação à média mundial.

“Os estudos mostraram que nós praticamos uma cafeicultura de baixo carbono. Concluímos isso entre 2020 e 2021 e fomos, devido às exigências do mercado, buscar uma certificação internacional. Estas fazendas conquistaram a certificação da companhia global Preferred by Nature e, agora, têm um café de baixo carbono”. 

A certificação internacional, segundo Damásio, é fundamental para mostrar que a cafeicultura é sustentável: “Com a certificação internacional, vamos explicar para o mundo que produzimos uma cafeicultura de baixa emissão de carbono e estamos indo rumo ao carbono neutro”.

O representante da monteCCer explica ainda que a busca pelo café carbono neutro deve ser pensado em toda a cadeia, envolvendo a produção dentro da porteira, nas cooperativas, nos processo de transporte, nas indústrias até o produto final.

“Será preciso que a cadeia cafeeira caminhe junto. Isso será importante para que a gente possa, através da evolução das boas práticas agrícolas e do menor impacto, buscar mais valores para todos. A valorização econômica é muito importante para o produtor, sobretudo nesse momento em que a demanda pela descarbonização dos processos está em alta. Temos que nos organizar para que possamos comunicar ao mundo que o Brasil, além de ser o País que produz o café com sustentabilidade, colabora para a descarbonização mundial”, analisa ele.   

mercado já está em busca e pagando mais pelos cafés de baixo carbono. De acordo com Damásio, a cooperativa já exportou algumas sacas com preços superiores ao mercado. “Estamos recebendo demandas e já fizemos uma venda onde foi pago R$ 100 a mais por saca. Com a primeira jornada “O Mercado e o Café Carbono Neutro” queremos desmistificar e explicar o que está acontecendo para toda a cadeia da cafeicultura”, conta.

Hoje, 38 fazendas já receberam a certificação e mais 22 estão trabalhando para evoluir nos processos. 

Fonte: Por Michelle Valverde