Com o palanque desmontado, é hora de o Coronel Marcos Rocha sair debaixo da asa de Bolsonaro
O governador eleito continua falando em fake news e as declarações no pós-eleições só circundam os membros de sua própria bolha política e adeptos irracionais
Porto Velho, RO – As eleições acabaram há mais de uma semana e o Coronel Marcos Rocha, do PSL, ainda não desmontou o palanque. Pior ainda, continua distante de iniciar a construção de uma imagem política própria fazendo questão de conservar seu dorso retórico sob as asas do presidente da República eleito Jair Bolsonaro.
Rocha ganhou as eleições com mais de 500 mil votos, o único em toda a história de Rondônia a ultrapassar 65% da votação válida numa disputa de segundo turno, assunto já abordado aqui emVisão Periférica; porém, ainda assim, o chororô não para, a chiadeira não cessa, o pranto não tem fim.
Diferentemente de quaisquer outros postulantes que almejam cargos no Executivo, o militar, talvez pouco habituado a um ambiente de questionamentos e levantamento de fichas, o que é naturalíssimo e imprescindível à democracia, sentiu-se machucado, atingido no âmago de sua existência durante o processo eleitoral.
As provas mais recentes desse desconforto foram as declarações do novo governador em entrevistas concedidas aos jornalistas Sérgio Pires e Eduardo Kopanakis, ambos da SIC TV, afiliada rondoniense da Rede Record.
O liberal não larga o osso.
Quer porque quer se postar como vítima de notícias falsas – e, neste caso, chama a atenção a discrepância sobre como as críticas à hipocrisia da esquerda especialmente relacionadas aos esperneios denominados como mimimi e vitimismo barato não caem como uma luva quando o estrebucho é de direita. Coitado, é o primeiro a ser sabatinado pela imprensa, o único escrutinado pela sociedade.
Mas divago...
Quais seriam, então, as terríveis fake news que abalaram a estrutura nervosa do homem que se apresentou como um verdadeiro pedregulho sem fissuras emocionais? Não é uma pergunta retórica, deixo claro.
– Eu fui treinado pra isso!, disse todo pimpão ao fazer troça da desestabilização emocional do tucano Expedito Júnior, já no segundo turno em um dos debates.
Peter Weller como RoboCop / Divulgação
Aliás, confesso: a estarrecedora semelhança postural de Rocha com o aspecto do ator Peter Weller ao encarnar o personagem RoboCop me assustou à ocasião, sobremaneira. Boto isso também na conta de Expedito, que tremia mais que vara verde durante o confronto. Sem contar o suadouro frio que parecia atravessar a tela e respingar no telespectador, enfim. Resumindo, naquele dia
qualquer pessoa ao lado do peesseedebista soaria como um monge tântrico.
O que quero dizer, chegando aos finalmentes? Que é sintomática a incoerência que jorra das fontes mais inóspitas do Poder.
Não é a pessoa. Não é a ideia. Não é o partido. É a posição!
Quando a pedra vira vidraça toda a fragilidade das argumentações vem à tona, surge um coitadismo imediato e passamos a ter, então, um rei nu, vez que despido de toda a conversa mole, uma criatura vulnerável que esqueceu de tirar a viga do próprio olho antes de fuçar no cisco alheio.
Coronel, chega! É hora de desmontar o palanque, engolir o choro, arregaçar as mangas e seguir seu caminho por todos nós.
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VISÃO PERIFÉRICA
POR: VINICIUS CANOVA