Como vão ser resgatas as 12 crianças: os perigos de uma operação de socorro

3 de julho de 2018 482

A sensação de alívio da descoberta do grupo de 12 crianças e o seu treinador, dentro da gruta no norte da Tailândia, onde estavam há nove dias, seguiu-se o desafio de como vai ser feito o resgate. As crianças e o treinador estão a quatro quilómetros da entrada da gruta, num percurso que implica mergulhar e nadar contra a corrente e caminhar em zonas muito estreitas e que demorara seis horas a fazer por militares treinados. Nenhum deles sabe nadar, estão enfraquecidos, depois de nove dias sem comer, e as autoridades ainda estão a estudar formas de os trazer à superfície de forma segura.

Quais são as opções para resgatar as crianças?

Para já existem duas grandes opções em cima da mesa: resgatar já o grupo ou esperar que as águas baixem, o que pode acontecer só daqui a quatro meses, quando terminar a época das monções. O ministro do interior tailandês, Anupong Paojinda, falou ao Bangkok Postdizendo que agora é o momento para retirar o grupo de dentro da gruta. Aproveitando uma melhoria no estado do tempo e antes que as chuvas regressem, o que está previsto para os próximos dias.

Para tal, as equipas de resgate - onde se incluem militares norte-americanos e mergulhadores britânicos -, vão continuar a retirar água da primeira gruta para evitar ao máximo que as crianças tenham de mergulhar. Já que não sabem nadar. Entretanto, no Twitter foi lançado um apelo das autoridades para a doação de 15 máscaras pequenas, uma vez que as máscaras que as equipas têm são de tamanho médio e demasiado grandes para as crianças.

O vice-presidente do conselho britânico de resgate em gruta, Bill Whitehouse, explicou à rádio BBC 4 que, como a equipa não sabe nadar, a alternativa era equipá-los com fatos de mergulho e máscaras faciais completas, minimizar o peso deles para que flutuem sem problemas e assim serem resgatados pelas equipas no local.

Outra solução é ensiná-los a mergulhar. O que seria também uma tarefa difícil tendo em conta até os desafios do percurso que vão ter que percorrer.

Entretanto, já foram levados até ao grupo mantimentos suficientes para quatro meses e estão a ser colocados cabos telefónicos, para que as crianças possam falar com as famílias via telefone. Estas medidas foram aplicadas para prevenir o facto de necessitarem de esperar que a água baixe para fazerem o resgate. Nesse caso, o grupo sairia como entrou, pelo próprio pé. Os quatro meses apontados referem-se ao fim do período das monções, quando a água deve baixar.

Quanto podem demorar as operações de resgate?

Depende das opções escolhidas. Se as equipas de resgate decidirem começar a retirar o grupo já, podem demorar dias ou semanas. Butch Hendricks, um mergulhador veterano e presidente dos sistemas salva-vidas dos EUA, garantiu ao The Guardian que podem passar cinco ou sete dias até que a primeira pessoa seja resgatada de dentro da gruta. Se tudo correr bem, para retirar as 13 pessoas podem passar duas semanas ou até um mês.

Se a opção for esperar pela descida da água, pode levar dois a quatro meses.

Quais são os riscos?

A opção de mergulhar tem como riscos o facto de os jovens não saberem nadar, a que se acrescenta a força da corrente. Os próprios mergulhadores podem ter problemas a levar o equipamento de mergulho até aos jovens. Depois estes têm de aprender a respirar com o equipamento e a estar à vontade com a água.

Depois de ultrapassadas as partes de mergulho há ainda a considerar as passagens estreitas que existem no caminho que tem quatro quilómetros. Segundo Butch Hendricks há pontos onde é preciso tirar o equipamento de mergulho, seguir caminho e depois voltar a equipar-se para mergulhar.

Haverá ainda momentos em que a visibilidade será próxima do zero, o que faz com que tenham de descobrir o caminho pelo tato.

O que se sabe até agora?

O grupo entrou na gruta depois de um jogo de futebol, há dez dias (a 23 de junho). A subida das águas, provocada pela chuva intensa da estação das monções deixou-os presos num dos maiores complexos de grutas da Tailândia. Estão numa zona seca, a quatro quilómetros da entrada principal, mas à distância de um percurso perigoso, que militares treinados demoram seis horas a fazer.

Foram encontrados, na segunda-feira, dia 2 de julho, por dois mergulhadores. Agora, estão a entrar mais mergulhadores que vão levar mantimentos e confirmar a localização do grupo. Uma equipa médica foi enviada para o local para averiguar o estado de saúde do grupo. À primeira vista, os jovens estão bem, embora fracos por terem passado nove dias sem comer, e alguns deles apresentam ferimentos ligeiros.

Não se sabe ainda o que levou os jovens a irem passear dentro da gruta. E porque se afastaram tanto da entrada, uma vez que havia avisos de perigo para inundações, na época das monções. A polícia tailandesa anunciou estar a ponderar se vai processar o treinador de 25 anos, por ter levado as crianças para a gruta.

 

 

 

© EPA/PONGMANAT TASIRI