Crença

27 de abril de 2018 822

Agradeço o conselho do gentil leitor do Diário (25/4) Carlos Roberto Nogueira que, preocupado com a salvação de minha alma, sugere que eu leia a passagem do evangelho de "Thome" (não seria São Tomé?) que, ao assistir à Ressurreição de Jesus, teria ouvido Ele dizer "Senhor meu e Deus meu". Aí estaria o reconhecimento histórico da divindade de Jesus, contestando o que eu escrevi no artiguinho "Ateu cristão".

            Por que eu deveria acreditar no que disse Tomé, Moisés, Buda, Maomé ou qualquer outro evangelista ou profeta inventor de religiões? Eles foram homens como nós, sujeitos a enganos e alucinações. Se fosse gente inspirada por alguma divindade não teria cometido tantos erros, sucessivamente corrigidos pelo avanço da ciência.

            Vamos continuar a acreditar que a Terra é o centro do Universo ou que é pecado gozar do prazer sexual fora do casamento, só porque está escrito nos textos bíblicos? Não é contraditório que um Deus criador de um ser inteligente (homo sapiens) proibir-lhe-ia pensar e refletir sobre a realidade que o circunda (o mito de Adão castigado por comer a maçã, o fruto do conhecimento do bem e do mal)?  Não é o uso da razão que distingue o homem do animal? Em lugar de colocar nossa felicidade num hipotético outro mundo, é mais eficaz melhorar este em que vivemos, promovendo ciência, arte, cultura, justiça social, tolerância, amor entre todos. 

-- 
Salvatore D' Onofrio 
Dr. pela USP e Professor Titular pela UNESP 
Autor do Dicionário de Cultura Básica (Publit)
Literatura Ocidental e Forma e Sentido do Texto Literário (Ática)
Pensar é preciso e Pesquisando (Editorama)
www.salvatoredonofrio.com.br
http://pt.wikisource.org/wiki/Autor:Salvatore_D%E2%80%99_Onofrio
RG: 2019752 - Rua Siqueira Campos, 3445- São José do Rio Preto-SP Fone (17) 3234.1054