De olho no que vem por aí

27 de dezembro de 2019 739

Estamos a uns sete meses de mais um festival de mentiras: gente prometendo pra todo lado aquilo que jamais terá condições de cumprir. E por que não terá? Simplesmente porque, para cumprir o que estará prometendo, será necessário ter um mínimo de conhecimento sobre a administração pública.

Foi-se o tempo em que as coisas eram feitas nas coxas. Uma pessoa que pretenda se candidatar a um cargo público precisa saber onde estará se enfiando. Do contrário, será apenas mais um no grande coro de analfabetos que só têm esperteza para uma coisa: meter a mão no dinheiro público.

E é bom ressaltar que não estamos aqui nos referindo às pessoas de baixa escolaridade apenas. Há também médicos, advogados, engenheiros, professores universitários, que, por mais que detenham conhecimentos e títulos nas suas áreas de atuação, não têm a menor noção do que é a gestão pública.

Corromper-se é coisa que se aprende fácil, pois motivação não falta. Mas, quando o assunto é o funcionamento da administração pública, que tem por razão de existir a promoção do bem-estar da coletividade, ninguém quer se dar ao trabalho de estudar.

Alguns chegam ao absurdo de dizer que vão administrar o público da mesma forma que administram empresas. E de fato o fazem. Visto que objetivam o enriquecimento pessoal, o lucro, os dividendos. E o que é pior: ainda há eleitor imbecilizado que aplaude esse tipo de discurso.

Para atuar na esfera pública, é preciso pensar o público. É preciso se curvar diante da supremacia do interesse difuso (da comunidade) sobre o interesse coletivo (de um grupo) ou de um indivíduo. É preciso estar atento para tudo o que ameaça o bem comum. E não com a atenção concentrada no que traz a oportunidade de enriquecimento pessoal.

 

Que Deus nos ilumine.

EDSON LUSTOSA

Edson Lustosa é jornalista há 30 anos e coordena o projeto Imprensa Cidadã, do Centro de Estudos e Pesquisas de Direito e Justiça. Escreve às segundas, quartas e sextas-feiras especialmente para o Que Notícias?.