Desastroso, criminoso e expugnável: é a situação do nosso saneamento
FILOSOFANDO
"No Brasil é difícil prever até o passado, quanto mais o futuro." CARLOS BRICKMANN, jornalista paulista, foi editor da extinta Folha da Tarde. Atualmente publica sua coluna em vários jornais do país.
É FATO
A campanha eleitoral ainda não começou, mas todos já estão, disfarçadamente, em plena campanha. Basta dar uma checada no material produzido pelas assessorias oficiais de imprensa das instituições políticas e do próprio governo. É um tal de pré-candidatos confessos viajando adoidado para "verificar obras" ou fazer demagogia em torno de liberação de emendas "emendas" parlamentares, como se tais emendas não fossem outra coisa senão dinheiro do próprio contribuinte.
SÓ NO BRASIL
Eduardo Pereira da Silva, servidor do Tribunal de Justiça da Bahia, acaba de ser transferido para Ituberá, também na Bahia, por ato do presidente do TJ, desembargador Gesivaldo Brito. Mas não se sabe quando tomará posse: isso depende de eventos improváveis, já que Silva faleceu em novembro último, mais de dois meses antes de sua transferência.
GENTE NOVA
Para a coluna o eleitor não deveria perder, de jeito nenhum, a oportunidade de ir esse ano às urnas e promover uma mudança quase total na composição das casas legislativas do país, sobretudo da Câmara dos Deputados. Afinal, deputados atuais mais do que comprovam não estar nem ai com a responsabilidade de representar os interesses do povo.
Vejam por exemplo esse caso: Há, no momento, três deputados federais presos que continuam recebendo salários, penduricalhos e mantendo uma penca de funcionários do gabinete. E tudo isso acontece com a parcimônia dos demais deputados, inclusive daquele em que você votou. Os deputados de hoje não acham isso nada estranho. Não estão nem ai se todo o dinheiro consumido por eles sai do bolso de todos nós, os contribuintes.
PÊSAMES
Que tipo de cumplicidade garante até hoje, depois de anos da condenação por rombo nos cofres da Assembleia e pela chefia de uma organização criminosa composta de vários deputados estaduais a liberdade de Carlão de Oliveira? Vários deputados participantes daquela quadrilha foram presos (alguns ainda permanecem no xilindró cumprindo pena) mas Carlão de Oliveira, apontado como o chefe, está foragido por anos enquanto seus filhos cumprem mandato de deputado estadual e vereador.
PS – Maurão de Carvalho (hoje tido como único pré candidato do (vá lá) MDB ao governo), presidente da Assembleia, também foi denunciado como membro da orcrim. E não chegou a ser molestado. Enquanto Carlão continua livre, leve, solto e muito rico, entre a população não pode haver outro sentimento contra os tais órgãos responsáveis pela aplicação da lei que senão o de pêsames. Será simples cumplicidade de Poderes?
CATÁSTROFE
Rondônia é um microcosmo das costumeiras irresponsabilidades da gestão pública brasileira. Se no país de hoje mais de 35 milhões de brasileiros não têm acesso água tratada e a metade da população não recebe o serviço de coleta de esgoto em suas residências; em Rondônia, proporcionalmente, a situação é muito pior.
Promessas de dotar o estado de saneamento básico são coisas antigas, sempre repisadas em anos eleitorais. Graças aos políticos incompetentes e também à falta de uma ação mais contundente dos chamados órgãos da fiscalização externa, Rondônia está no ranking dos piores estados nesse quesito. E nossa capital aparece entre as cinco piores do Brasil, que se concentram na região norte: Santarém (PA), Manaus (AM), Macapá (AP), Porto Velho (RO) e Ananindeua (PA). É uma catástrofe inegável.
CULPADO
Quem deveria cuidar (e resolver) os problemas do saneamento básico no estado é uma companhia estatal que ao longo das últimas décadas não fez praticamente nada. Falamos da Caerd, companhia que é uma síntese da própria incompetência do governo estadual que – como é fácil constatar – usou o "monstrengo" como moeda de trocas políticas e autêntico cabide empregos de marajás cacifados por políticos e partidos.
Assim, o retrato de Rondônia com foco no saneamento básico é desastroso, criminoso e expugnável. Isso se reflete vergonhosamente na educação, com centenas de escolas públicas sem rede de esgoto, sem quadra de esportes e biblioteca, sem laboratórios de ciências e informática. Nem 20%, dizem fontes do setor, das escolas públicas têm esgoto encanado hoje – mais da metade delas contam apenas com uma fossa –, e a imensa maioria das escolas não têm nenhum tipo de estrutura para lidar com os resíduos sólidos.
QUEREM CONTINUAR
Dados como os expostos acima revelam a falência da classe política do estado, moral e de gestão. É claro que só os inocentes úteis ou aqueles que se beneficiam das mazelas e do próprio sistema de governo ainda insistem em dedicar aplausos aos políticos atuais que, como é praxe, querem continuar no bem bom.
Assim, as casas legislativas no estado apenas discutem interesses políticos. É por isso que nada avança, de verdade, no social e na economia. As propagandas custeadas com o dinheiro público são falácias, mentiras maquiadas que – nem assim – conseguem chamar a atenção de órgãos como os MPs, para coibir esse acinte ao povo do estado. Fazem de tudo para manipular a opinião pública e nesse ano eleitoral conseguir os votos necessários para continuar enganando os contribuintes.
CANSADOS
Basta sair às ruas e conversar com as pessoas para perceber a dificuldade dos políticos mais notórios e carimbados em obter resultados com tanta manipulação publicitária. Nesse cenário, bobo quem imaginar como favas contadas a reeleição de deputados e senadores rondonienses. O povo cansou de discutir essas pessoas. Analisar governos e confiar na justiça. Todos estão com popularidade abaixo da critica. O poder estatal, já não consegue sequer manipular dados, tamanho o desgaste que se encontra a máquina pública.
PERIGO
Em circunstâncias normais seria possível apostar que o povo enxotaria de vez políticos caras-de-pau, agindo como autêntico papagaio de pirata; ou simples figura caricata semelhante a palhaços fracassados. Acontece que as circunstâncias de hoje não são normais. A população indefesa, já não acredita que através do voto poderá mudar o estado e o Brasil, ou até limpar essa gente. Quem entre os candidatos governar Rondônia tem condições de ganhar a confiança do eleitorado do estado? Quem tem algum projeto (factível e sério) para fazer de Rondônia um estado capaz de orgulhar seu povo e o país todo? E assim, certamente a grande maioria do nosso eleitorado ainda não conseguiu uma resposta satisfatória para a grande pergunta: O que fazer nas urnas de outubro?
PESQUISAS
Pesquisas eleitorais, agora, têm pouca serventia para projetar resultados futuros. Até o princípio de abril, os partidos estarão organizando seus jogos e definindo candidatos e possíveis alianças. No momento, a população não mostra interesse em pesquisas regionais, até pelo fato do tabuleiro da disputa não estar definido. Parece evidente a possibilidade de haver segundo turno em razão da insuficiente intenção de votos que todos os pré-candidatos obtêm no primeiro turno, tirando o nome de Expedito Júnior. Enfim, o jogo está em marcha, mas marcha lenta...