DEUS, PRESENÇA NECESSÁRIA !

Diante das recentes comemorações do Dia de Todos os Santos e de Finados, cabem refletirmos sobre solenizar essas datas santificadas. Elas têm um significado profundo que é o de abrir corações e mentes aos nossos semelhantes, principalmente os injustiçados e oprimidos. É compreender que a palavra sagrada é a que ensina, reconforta e traz esperança, revelando-se nas mais diversas formas, tais como um sorriso infantil, a emoção de uma descoberta, um instante de reflexão, os gestos solidariedade, a liberdade, a luta por igualdade, a fraternidade, o respeito ao próximo e principalmente, a partilha. A maioria das pessoas tem consciência desses atributos, mas por comodidade e apego material, adapta os ensinamentos divinos aos próprios interesses. Interpretam-nos de acordo com tudo que lhes convém, modificando a essência clara e extremamente nítida dos princípios e pregações cristãs. Cria normas de conduta específicas, justificando isoladamente o egoísmo de que é dotada. Pratica auto religião, simula atos caridosos e tenta enigmaticamente esconder-se do remorso que a persegue.
É por isso que o mundo se encontra moralmente tão instável e frágil, no qual o predomínio de uma cultura consumista, obediente a ditames exclusivamente econômicos, vem sufocando a espiritualidade e esfriando a convivência humana. Não é só a crise financeira, advinda de má gestão e de atos inescrupulosos de nossos administradores que nos afeta diretamente. As graves alterações que estão sobrevindo e afetando o curso de nossas vidas, acarretando um estado crônico de desequilíbrio, de preconceitos, de reações violentas ou agressivas, de retrocesso das coisas, fatos e ideias, de dúvidas, incertezas, conflitos e tensão, de desesperança, de alienação e de massificação, na realidade, assentam-se num generalizado afastamento da humanidade de Deus ou até de uma aproximação, que não se concretiza pela ausência de autenticidade no cumprimento de Sua palavra.
Aproveitemos assim para meditarmos sobre o grau de participação que estamos desenvolvendo na busca de um universo melhor para todos, procurando desvencilharmos da pesada carga de negligências, incompreensões, defeitos e individualismo que vêm assenhorando nossas mentes, impedindo-nos de contemplar a Verdade em razão da névoa de interesses materiais que tem cegado o entendimento quase geral das pessoas.
Por outro lado, devemos questionar com profundidade, sob pena de descaracterizá-la, se a religião que praticamos evidencia a necessidade de se questionar com a máxima urgência e clareza, os efeitos danosos de uma concepção estreita e distorcida de toda a amplitude da dignidade humana. Assim, aliados à nossa fé e à simpatia que temos por determinado credo precisamos alcançar uma convivência humana harmoniosa, na qual todos os seres humanos sejam respeitados, independentemente de sexo, raça, situação financeira e principalmente da crença que adotam.
De nada adianta nos mostrarmos pessoas religiosas se os atos que realizamos são contrários aos princípios básicos do Direito, da Moral e da Ética. Por inúmeras circunstâncias, nossa sociedade é marcada por gritantes contrastes, descasos, segregação, violência, crimes ambientais e uma série infindável de ocorrências que lesam e impedem a satisfação das mínimas aspirações populares. Esses quadros demonstram que a presença do Ser Superior na vida humana se faz necessária para propiciar o equilíbrio dos justos.
Reiteramos que professar uma crença, não é apenas ir ao templo e rezar. É amar todas as coisas vivas sobre a terra, ajudar o próximo, ser solidário e generoso, perdoar e respeitar os outros. Mais do que nunca temos que nos conscientizar que a generosidade com as pessoas e o respeito à natureza, bem como a fé em Deus devem abalizar qualquer religião.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário. Presidente da Academia Jundiaiense de Letras (martinelliadv@hotmail.com).