DIA DO TRABALHO
O termo trabalho tem por origem etimológica o substantivo latino 'tripalium", um instrumento de tortura, composto de três paus entrelaçados. O sema do "sofrimento" evoluiu para o significado do "esforço", que passou a predominar; mas sua relação com a dor está presente ainda hoje: falamos de "trabalho de parto", por exemplo. Trabalhar, em geral, significa esforçar-se para obter algo, para exercer uma profissão ou desempenhar uma tarefa, que pode ser material, intelectual ou artística. Um dos primeiros documentos literários da cultura grega é o poema didático "Os trabalhos e os dias", de Hesíodo, que trata da relação profunda entre Trabalho e Justiça.
Em 1889, a Internacional Socialista de Bruxelas proclamou o 1º de maio como dia internacional para reivindicar melhores condições de trabalho, em homenagem à data das lutas sindicais de Chicago, exigindo a jornada de oito horas. Sucessivamente, o dia do trabalhador foi institucionalizado na França, na Rússia e em outros países. Finalmente, a Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1948, emitiu a Declaração Universal dos Direitos Humanos, cujo artigo 23 reza: "Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego".
O trabalho, portanto, é dever e direito do homem. Um dever porque cada qual, numa sociedade livre, tem que prover ao seu sustento, não sendo justo que uma pessoa adulta e sadia viva a custa do trabalho de outro. Esta é uma prescrição que se encontra nas Sagradas Escrituras de todas as religiões e nos costumes de qualquer povo, primitivo ou civilizado, pois fundamentada na lei natural do plantio e da colheita. Ninguém pode reclamar de direitos, se não cumprir seus deveres.
Mas, como um cidadão pode cumprir seu dever se não tiver oportunidade de trabalho por falta de emprego? Tem que se entender que o emprego não é um luxo, mas uma necessidade de responsabilidade do poder público. O desempregado não amparado pelo Estado é propenso ao furto, à violência, à prostituição, ao tráfego de drogas, ao crime, enfim. O homem que não consegue suprir suas necessidades de sobrevivência pelo trabalho acaba apelando para meios ilícitos, como contrabando ou terrorismo.
Culpado pelo desemprego não é apenas o Estado, mas também a Família, como instituição social. É preciso educar as crianças, desde a escola materna, preparando-as para uma profissão de acordo com tendências naturais e oportunidades, de forma que, quando adultas, não dependam mais dos pais ou da esmola pública. Essa é uma questão de cidadania e, sobretudo, de cultura. Geralmente, o que provoca o desemprego é a falta de planejamento familiar, colocando no mundo seres humanos sem condições de dar-lhes assistência e educação.
Mais ainda, o trabalho deve ser visto como a melhor forma de terapia contra qualquer tipo de distúrbio mental. Manter-se ocupado é a melhor forma de evitar a prática de vícios. O filósofo grego Aristóteles, em consonância com o sábio chinês citado na epígrafe deste texto, dizia que "felicidade é ter o que fazer". Não é outra a opinião de Leonardo da Vinci, cientista e artista da Renascença italiana, quando tece a seguinte comparação: "O ferro enferruja quando não é usado; as águas estagnadas perdem sua pureza e congelam no frio. Do mesmo modo, a ociosidade esgota a força da mente". O maior mérito do povo anglo-saxônico é sua força de trabalho, herdada da ética luterana e calvinista, que considera a riqueza uma bênção divina. Num livro didático de língua inglesa, lemos:
"Apenas no dicionário o sucesso (S) está antes do trabalho (T),
pois o caminho do êxito não tem elevador,
e nos obriga a subir árduos degraus de uma longa escada"!
Dr. pela USP e Professor Titular pela UNESP
Autor do Dicionário de Cultura Básica (Publit)
Literatura Ocidental e Forma e Sentido do Texto Literário (Ática)
Pensar é preciso e Pesquisando (Editorama)
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