Dissidente chinês é condenado a oito anos de prisão para servir de exemplo

26 de dezembro de 2017 514

Um foi condenado a oito anos de prisão; o outro, dispensado da pena. A Justiça chinesa tentou dar um exemplo ao condenar, nesta terça-feira, dois dissidentes por "subversão", embora um deles tenha sido dispensado da pena por ter se declarado culpado.

Wu Gan, que se recusou a reconhecer sua culpa, foi condenado a oito anos de prisão por um tribunal da cidade de Tianjin (norte) por tentativa de "subversão", afirmou à AFP seu advogado, Ge Yongxi, do lado de fora do palácio de justiça, ao qual a imprensa estrangeira não teve acesso.

A 1.500 km de distância, em Changsha (centro), o advogado Xie Yang, cujo caso chamou a atenção de vários países ocidentais, também foi condenado por subversão, mas foi dispensado de cumprir a pena depois que aceitou declarar-se culpado.

Wu Gan, detido em maio de 2015 quando trabalhava em um escritório de advocacia de Pequim é chamado de "açougueiro super vulgar" desde que defende uma mulher que matou a facadas o homem que a estuprou, um dirigente do Partido Comunista Chinês (PCC).

Para um dos advogados do réu, Yan Xin, as autoridades usaram o caso para dar um exemplo.

"Esta claro que foi condenado de forma severa porque se negou a declarar-se culpado. As autoridades usaram vários meios de pressão para tentar convencê-lo", disse Yan Xin à AFP.

"Acredito que o tribunal impôs a pena de oito anos para fazer dele um exemplo, para que outros ativistas digam que são culpados após acusações de crimes contra o Estado", completou.

A sentença é a mais severa contra dissidentes na China desde junho de 2016, quando dois membros do Partido Democrático chinês, Lu Gengsong e Chen Shuqing, foram condenados, respectivamente, a 11 e 10 anos e meio de prisão pelo mesmo motivo.

Também é a maior condenação desde o Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), quando o presidente Xi pediu a "defesa da autoridade do partido e do sistema socialista chinês e a oposição categórica a qualquer palavra ou ação que os abalem".

Wu Gan e Xie Yang foram detidos em 2015 durante uma série de prisões de quase 200 advogados, juristas e ativistas que tratavam de casos delicados. Muitos foram liberados, mas vários foram processados. Wu Gan, 44 anos, é agora o réu com a maior condenação do grupo de dissidentes conhecido como "709".

Xie Yang foi dispensado de cumprir a pena após seu "arrependimento" e porque seus crimes não provocaram danos graves à sociedade, de acordo com um vídeo da audiência divulgado na rede social Weibo.

Depois de permanecer incomunicável por seis meses, Xie Yang, por meio de seus advogados, acusou a polícia chinesa de tortura, o que provocou as críticas de vários países ocidentais no início do ano.

Em maio, durante o julgamento, que foi chamado de farsa pelas associações de defesa dos direito humanos, Xie Yang se declarou culpado e retirou suas acusações. Nesta terça-feira, no tribunal, pediu desculpas por ter induzido a opinião pública ao erro "sobre a questão da tortura".

Sua mulher e as duas filhas abandonaram a China clandestinamente no início do ano e se mudaram para os Estados Unidos.