Donald Trump x Harvard: entenda as retaliações contra universidades

16 de abril de 2025 70

No mesmo ritmo desde que voltou ao posto de presidente dos Estados Unidos, Donald Trump estreia mais um episódio de seus embates políticos: a batalha contra instituições educacionais.

Na última segunda-feira, 14, o republicano anunciou o congelamento de 2,2 bilhões de dólares (R$ 12,85 bilhões, na conversão atual) em fundos federais para a Universidade de Harvard – uma das mais prestigiadas do mundo. No dia seguinte, 15, retaliações continuaram a preencher as declarações de Trump, que ameaçou retirar vantagens fiscais da entidade.

A guinada contra Harvard não é por acaso, nem um evento isolado. A instituição se recusou a acatar uma série de exigências feitas pelo presidente em relação à questões ideológicas e de diversidade.

“Nossos valores não estão à venda”, disse o conselho editorial do The Crimson, uma publicação de Harvard, sobre as represálias de Trump.

Confronto de princípios

Com desavenças herdadas do primeiro mandato, Donald Trump tem o costume de impor demandas contra a Universidade de Harvard e outras instituições educacionais, sempre sobre ameaças orçamentárias.

Entre as ordens do republicano estão exigências de que as faculdades acabem com suas políticas DEI (diversidade, equidade e inclusão) e combatam com mais força os protestos relacionados à Guerra de Gaza – alegando que há “antissemitismo” nos campus universitários onde as manifestações foram realizadas. Na última sexta-feira, 11, o governo americano chegou a enviar uma carta à Harvard demandando redução no poder de alunos e professores sobre os assuntos internos da instituição.

Além disso, Trump exige controle na admissão de alunos, presença de segurança no campus com o poder de prender “agitadores” e ordena a revisão de estudos regionais, especialmente aqueles relacionados ao Oriente Médio e a Israel.

“Talvez Harvard devesse perder seu status de isenção fiscal e ser taxada como uma entidade política se continuar promovendo a ‘doença’ inspirada em política, ideologia e terrorismo? Lembre-se, o status de isenção fiscal depende totalmente de agir no interesse púbico”, disse o presidente republicano em sua rede Truth Social.

A resposta da universidade também se deu por uma carta, dessa vez assinada pelo reitor de Harvard, Alan Garber, afirmando que a universidade “não abandonará sua independência ou seus direitos garantidos pela Constituição”.

“Nenhum governo, independentemente do partido no poder, deve ditar às universidades privadas o que elas podem ensinar, quem elas podem recrutar e contratar, ou quais tópicos elas podem pesquisar”, afirmou.

Harvard não é a única instituição que foi coagida pelas demandas da Casa Branca – com destaque para a Universidade de Columbia, que foi obrigada a ceder ao presidente após retaliações orçamentárias. A Universidade da Pensilvânia, a Brown University e a Universidade de Princeton também estão com as verbas bloqueadas até que cumpram ordens de Trump.

Recursos de Harvard

A Universidade de Harvard, situada na cidade de Cambridge, em Massachusetts, é uma das mais renomadas do globo. Apesar de possuir benefícios federais, a instituição é privada, contando com recursos de diferentes fontes.

Na última semana, o Departamento da Educação dos EUA anunciou o congelamento de 2,2 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 13 bilhões) em subsídios durante vários anos e a rescisão de contratos plurianuais por 60 milhões de dólares (R$ 350 milhões) contra Harvard. Já no final de março, o governo americano anunciou que considera privar a faculdade de cerca de 9 bilhões de dólares (cerca de R$ 52 bilhões) em subsídios federais.

As verbas e isenções fiscais possuídas por Harvard são essenciais para o financiamento de pesquisas e funcionamento da instituição como um todo, mas não configuram a maior porcentagem de seu orçamento. Segundo um relatório de 2020 divulgado pela própria universidade, a maior parte dos recursos educacionais tem origem filantrópica.

Donald Trump x Harvard: entenda as retaliações contra universidades

Gráfico do relatório da Universidade de Harvard

Fonte: Luma Venâncio