É inacreditável que uma passagem aérea de Brasília a Porto Velho seja mais cara que para Miami (EUA) em dezembro

PGR enviou ao Cade uma representação com denúncias de que Latam e Gol estariam praticando cartel, ou seja, combinando os valores que cobram por seus tíquetes

As companhias aéreas que operam no Brasil estão, desde a semana passada, na mira do CADE e da PGR por suspeita de cartel no preço dos bilhetes. E não é. para menos. Os valores praticados nos voos domésticos é surreal.

Numa rápida consulta no Google Flights, ferramenta que compara preços de passagens, um voo de Brasília a Porto Velho (Rondônia)  trecho que registra 1907 km, chega a custar R$ 5.367 (a mais cara) e R$ 4.322 (menor preço) entre os dias 13 a 30 de dezembro. No mesmo período,  viajar para Miami, Flórida, nos Estados Unidos, custam míseros R$ 3.606 (a mais barata e a mais cara, R$ 4.926) para percorrer a distância de 5794 KM, ou seja, quase três vezes mais que a distancia para Porto Velho.

E não existe uma justificativa plausível para essa aberração, a não se o fato das aéreas estarem arrancando nosso couro para compensar as perdas da pandemia e encher o bolso dos investidores da bolsa.

Quer ver uma coisa ainda mais louca? De Brasília a Tokyo (no Japão!) são  17.690,89 km e no mesmo período o preço das passagens varia de R$ 11.769 (a mais cara) a R$ 8.014 (mais em conta). São quase 9 vezes a distância e a passagem chega a custar pouco mais de 38%.

Portanto, não se trata de preço de combustível, não estamos falando de custas processuais nem nada disso, tem todos os indícios de uma ação coordenada.

O CADE abriu um inquérito administrativo para investigar a suspeita da PGR, que inclui exemplos de rotas como Rio/SP, São Paulo/Brasília e São Paulo/Belo Horizonte.

E, no fim de semana, o ministro Silvio Costa Filho convocou o comando da Gol, Latam e Azul, que representam 98% do transporte aéreo doméstico, para uma reunião em seu gabinete justamente para tratar do alto preço das passagens.

Um levantamento feito pela Associação Rio Vamos Vencer (RVV) em setembro localizou passagens Rio-São Paulo por até cerca de R$ 8 mil.

Onde está a lógica disso?