É no esporte que o racismo se rende aos deuses negros do Olimpo

Desde que o norte-americano George Poage, em 1904, se tornou o primeiro negro a ganhar uma medalha (a de bronze, nos 400 metros com barreira, nos Jogos Saint Louis, EUA), o esporte – notadamente os olímpicos – se tornou a principal arena em que são sacrificados o racismo e os preconceitos.
Não há espaço mais democrático na sociedade moderna do que aquele que reúne quadras, pistas, raias, tatames, ringues, ginásios, estádios e demais cenografias em que o homem e a mulher, em igualdades de condições e sob o olhar atento do mundo, disputam e provam quem é o melhor naquilo que faz.
Os Jogos Pan-Americanos de Lima, cuja abertura ocorreu na sexta-feira (26), pertencem à mesma categoria de eventos universais em que o ser humano hasteia não só a bandeira de seu país como também a de sua identidade única.
No esporte, um negro que sobe ao pódio leva consigo seu povo, sua raça e, absoluto, a si mesmo. Sem intermediários. Sem concessões. Ali, naquele que é o seu lugar.
Um atleta solitário humilhou o nazismo. Jesse Owens. Com seus colegas de equipe, destruiu teses eugenistas e calou falsos cientistas. Um único ser humano, que para sempre representará o que de melhor tem a humanidade.
Um outro negro, Cassius Clay, ganhou a medalha de ouro do boxe meio-pesado, nas Olimpíadas de Verão de 1960. Era um menino de 18 anos conhecendo Roma. Anos depois, o mundo o conheceria como Muhammad Ali.
No pódio de Lima, subirão negros, brancos, mulatos, mamelucos, índios. O esporte tem o poder e a força de colocar no Olimpo os melhores. Sejam quem for.