"É um erro a forma como África tenta implementar a democracia"

O economista guineense Carlos Lopes defendeu hoje ser um erro cometido por África a forma como tenta implementar o modelo democrático, quando devia lutar para a africanização da democracia.
Antigo secretário-geral adjunto das Nações Unidas, Carlos Lopes encontrava-se em Bissau, onde deveria apresentar hoje dois dos seus últimos livros, mas que ficaram retidos em Lisboa nas suas bagagens.
O economista aproveitou a ocasião para proferir uma conferência, para académicos, economistas e jornalistas, na qual falou sobre as questões abordadas num dos livros: "Os Desafios da Transformação da África na Era da Dúvida".
Respondendo a uma questão colocada pela agência Lusa, sobre que perspetivas para a Guiné-Bissau que, no próximo domingo, elege um novo Presidente da República, Carlos Lopes considerou que as eleições são importantes, mas que não irão resolver os problemas imediatos do país.
O economista preferiu focalizar a sua resposta no contexto global de África, para dizer que se nota que o continente "está apressado e preocupado em democratizar-se, quando devia trabalhar para africanizar a sua democracia".
"A democracia não é consentânea com a nossa forma de agir e de pensar", defendeu o economista.
Em relação à Guiné-Bissau, Carlos Lopes considerou ser um país com "muitos desafios no campo económico", citando o facto de, neste momento, só estar a frente das economias de São Tomé e Príncipe e das Comores.