ENCANTOS DE OUTUBRO

23 de outubro de 2017 940

Considero de encantos o mês de outubro: floresce em todos os dias e em alguns mais. Inicia-se com a lembrança de Santa Teresinha do Menino Jesus, no dia primeiro. A Santinha das rosas, que viveu no Carmelo de Lisieux e que afirmou que desejava passar o seu céu fazendo o bem sobre a terra. Quanto à sua vocação na igreja, concluiu que seria o amor e assim se fez.  Alguns dias depois, a memória de São Francisco de Assis do “Cântico das Criaturas”, que louvou a Deus pela natureza tão bela, protegeu os animais e abraçou a pobreza para seguir melhor o exemplo de Cristo. Recebeu, no corpo macerado, as cinco chagas do Senhor Jesus. No dia doze, a festa de Nossa Senhora Aparecida que, há 300 anos, acenou das águas do Rio Paraíba. Sobre ela, escreveu o Papa Francisco em seu Devocional: “Primeiro o corpo, depois a cabeça, em seguida a unificação do corpo e a cabeça. (...) O Brasil colonial estava dividido pelo muro vergonhoso da escravatura. Nossa Senhora Aparecida se apresenta com a face negra, primeiro dividida e depois unida, nas mãos dos pescadores. Em Aparecida, Deus dá uma mensagem de recomposição do que esta fraturado, de compactação do que está dividido”.
Interessante, foi em 12 de outubro, há exatos 35 anos, que Dom Roberto Pinarello de Almeida, nosso segundo bispo diocesano, um pouco antes da Missa vespertina na Catedral NSD, me pediu que iniciasse um trabalho pastoral com mulheres em situação de vulnerabilidade social, após observar quatro delas que passavam, pela praça, revestidas pela fuligem da miséria. Em meio aos ensinamentos de Deus, nessas décadas, a de que Ele pode restaurar a Sua Imagem despedaçada pelo mundo, pelos que aplaudem a decadência das virtudes, da mesma forma que os corvos saúdam as carnes em decomposição. E no dia 15, a memória de Santa Teresa de Jesus, Teresa de Ávila, que declara: “Nada te perturbe, nada te amedronte. Tudo passa, a paciência tudo alcança. A quem tem Deus nada falta. Só Deus basta!”
Em um mês de tantas vivências significativas, quando o desânimo se avizinha por acontecimentos que vilipendiam a fé e tentam impor que aquele que acredita não tem direito a manifestar sua opinião, como em defesa da dignidade do ser humano no respeito à decência, fortaleço-me nas palavras de Jesus Cristo: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28, 20).
 
 

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -

 Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.