Enquanto O Rio Pega Fogo, Crivella Faz Peregrinação Em Brasília Para Tentar Recolocar Filho No Emprego

Enquanto a política no Rio de Janeiro pega fogo com a prisão de deputados, ex-governadores e quase toda a turma da farra do guardanapo, o prefeito Marcelo Crivella (PRB) parece estar com outras preocupações.
Na última quarta-feira o BuzzFeed News flagrou o prefeito em peregrinação no STF (Supremo Tribunal Federal) com o objetivo de fazer com que Marcelo Hodge Crivella, seu filho, volte a ser o chefe da Casa Civil na administração municipal.
Nomeado pelo pai para o cargo em fevereiro passado, o filho de Crivella foi sacado do posto pelo ministro do STF Marco Aurélio Mello, que entendeu que se tratava de um caso de nepotismo.
O prefeito chegou a recorrer da decisão, mas não demoveu Mello de sua posição, que após negar o recurso enviou o caso para o plenário do Supremo.
O problema é que, apesar de Mello ter liberado o processo em junho, até agora a presidente do STF, Cármen Lúcia, não colocou a ação em pauta.
Nas conversas com ministros, Crivella pede ajuda para que o recurso seja julgado e justifica que escolheu o filho para o cargo não só pela confiança, mas também pela formação do rapaz, que tem mestrado em Oxford e cursos de gestão pública.
A esperança do prefeito do Rio é que a maioria dos ministros mantenha um entendimento de 2008, quando fixou que o nepotismo não alcança cargos de indicação política, como os secretários municipais e estaduais e os ministros nomeados pelo presidente da República.
De lá para cá, a corte autorizou diversas nomeações neste sentido.
Mais recentemente, entretanto, pelo menos dois ministros passaram a fazer uma interpretação diversa da matéria: Luiz Fux e Marco Aurélio.
Para eles, mesmo nos cargos políticos deve ser vedada a indicação de parentes.
Apesar da posição de Fux e Mello, a tendência é que o Supremo, quando vier a julgar o caso de Crivella, mantenha o entendimento de 2008 e permita que parentes sejam indicados para cargos políticos.