Entidades LGBT criticam projeto do vereador Maluco do Bem: “oportunista”

m grupo de entidades LGBT de Porto Alegre divulgou uma nota conjunta manifestando-se sobre o projeto do vereador Moisés Barboza “Maluco do Bem” (PSDB) que coloca a Parada Livre no calendário de eventos da capital. Na nota, as entidades dizem que nunca foram chamadas para discutir esse projeto e qualificam a iniciativa como “oportunista”, uma vez que a atual administração municipal não está comprometida com a causa LGBT. Segue a íntegra da nota:
NOTA PÚBLICA SOBRE O PROJETO QUE COLOCA A PARADA LIVRE NO CALENDÁRIO DE EVENTOS DA CAPITAL
As entidades LGBT da sociedade civil de Porto Alegre, que desde 1997 organizam de forma autônoma e independente a Parada Livre vêm elucidar a população de Porto Alegre aspectos sobre o projeto protocolado pelo vereador Moisés Barboza “Maluco do Bem” que coloca a Parada Livre no calendário de eventos da capital, aprovado dia 05/02/2018.
Salientamos que fomos pegos de surpresa com a iniciativa do vereador, uma vez que nunca fomos chamados para discutir esse projeto. Quando ficamos sabendo que o vereador o protocolou, as organizações LGBT+ da Parada Livre foram até o mesmo a fim de questionar tal iniciativa. O vereador reconheceu que não tinha sido o movimento social que o instigou para tal, como erroneamente consta na justificativa do atual projeto, mas sim o Coordenador da Diversidade Sexual da Prefeitura, ocupado por uma indicação do prefeito. Este Coordenador nunca foi militante de nenhum coletivo organizador da Parada Livre.
A partir daí, mesmo não sendo de nossa iniciativa, olhamos o projeto e acordamos que o vereador Moisés Barboza “Maluco do Bem” deveria retirar o projeto, rediscutindo-o e encaminhando-o em conjunto com outros vereadores e vereadoras que historicamente são comprometidos com a causa LGBT+. Em 04/05/2017, entregamos um ofício ao vereador solicitando a retirada deste projeto da pauta, uma vez que algo dessa importância deveria ser discutido com os movimentos sociais LGBT+ da cidade, criadores e protagonistas desse processo.
Dia 05\01\18 fomos surpreendidos com a notícia de que o projeto iria para votação na Câmara de Vereadores. Percebemos então que o acordo de retirada e ampliação da base para nova apresentação não foi cumprido pelo vereador.
Entendemos que o vereador Moisés Barboza “Maluco do Bem” e a atual prefeitura, que são do mesmo partido, não estão comprometidos com a causa LGBT+, pois como é de conhecimento público não obtivemos o apoio da Prefeitura para a Parada Livre de 2017 pela primeira vez em 20 anos. Inclusive, esta prefeitura cobrou taxas administrativas para a realização da Parada Livre.
Relembramos o fato da Prefeitura, através do seu Secretário da Diversidade Sexual, Sr. Daniel Boeira, e o próprio prefeito Nelson Marchezan Jr. e o secretário Ramiro Rosário, se manifestaram a favor do fechamento e censura da Exposição QUEERMUSEU, fato este QUE FOI PARA MOVIMENTO LGBT+ DO PAÍS UM DOS MAIORES RETROCESSOS EM SUA HISTÓRIA. Este fechamento foi motivado por denúncias mentirosas feitas pelo grupo neofascista MBL, ligados à Prefeitura. Uma atitude clara de LGBTFOBIA por parte do prefeito e seus secretários.
Também registramos que a bancada do PSDB em diversas cidades e estados do Brasil foram a favor da retirada da discussão sobre orientação sexual e identidade de gênero nos Planos de Educação, denotando com esta atitude não estarem comprometidos com as pautas LGBT+.
Diante dessas questões, atentamos para o oportunismo do referido vereador em tal iniciativa sobre a Parada Livre. No cenário nacional o seu partido, PSDB, vem sendo conivente com todos os retrocessos impetrados pelo governo golpista que hoje esta no poder em nosso país. O vereador Maluco do Bem nunca dialogou com a pauta LGBT+ e sem nenhum diálogo protocolou projeto desta natureza, passando por cima de mais de 20 anos de história construída por diversos coletivos deste estado.
Nesse sentido, as entidades organizadoras da Parada Livre permanecerão vigilantes e autônomas no processo de organização do evento, independente do calendário oficial e das coordenadorias da Prefeitura, ainda que estejamos abertos ao diálogo sempre que este for proporcionado de forma horizontal e atendendo aos interesses da população LGBT+.
Assinam
Nuances – Grupo Pela Livre Expressão Sexual
ONG Outra Visão – LGBT
Igualdade RS – Associação de Travestis e Transexuais do Rio Grande do Sul
LIGA BRASILEIRA DE LÉSBICAS – RS
Coletivo Feminino Plural
Somos – Comunicação, Saúde e Sexualidade
Mães pela Diversidade
G8 – Generalizando
(Foto: Guilherme Santos/Sul21)