Escombros do Petrolão: plataformas de petróleo novinhas são vendidas como sucata

19 de janeiro de 2018 442

Os cascos de duas plataformas para exploração de petróleo que estavam quase prontas viraram sucata no Estaleiro Rio Grande (RS). As 152 mil toneladas de aço das plataformas P-71 e P-72 foram vendidas por R$ 70 milhões para a siderúrgica Gerdau. Os cascos estão sendo desmanchados na base do maçarico há três meses. A empresa Ecovix, braço de construção naval da Engevix, entrou em recuperação judicial após a Operação Lava Jato e não conseguiu cumprir o contrato firmado com uma subsidiária da Petrobras, a Tupi
BV.

Dois integrantes da cúpula da Engevix, Gerson Almada e Antunes Sobrinho, foram condenados pela Justiça Federal em primeira instância por envolvimento no escândalo do Petrolão, que apurou o pagamento de propina a políticos a partir do superfaturamento de obras contratadas pela Petrobras.

O Estaleiro Rio Grande atingiu o seu auge em 2013, quando chegou a contar com 24 mil trabalhadores. Naquele ano, estava concluindo o casco da plataforma P-66, destinada à exploração de petróleo no Campo de Lula. Os recursos para a infraestrutura do Polo Naval saíram do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal.

A cidade viveu um boom econômico com a geração de empregos, investimentos imobiliários e a chegada de técnicos com alto poder de consumo. Mas as consequências da Lava Jato impediram a entrega dos três primeiros dos oito cascos contratados. O serviço foi concluído por outras empresas. Hoje, restam 1,5 mil metalúrgicos trabalhando no estaleiro.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande tentou durante meses uma engenharia técnico-econômica que permitisse, pelo menos, a conclusão da P-71 e P-72. Mas a Petrobras optou pela venda do material como sucata. “É uma lástima, um crime de lesa-pátria. Compraram o aço a preço de ouro e estão vendendo a preço de lixo”, afirmou o presidente do sindicato, Benito Gonçalves.

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