Facada na democracia?

Abominável o atentado contra Jair Bolsonaro, seja qual for seu motivo! É lícito presumir que o golpe de faca desferrado pelo facínora Adelio Bispo de Oliveira, na tarde 6 de setembro, durante propaganda eleitoral numa rua da cidade mineira Juiz de Fora, não visou apenas eliminar um presidenciável, mas protestar contra o tipo de democracia que há muito tempo está sendo praticado no Brasil, conforme manifestações do agressor em redes sociais, considerando os políticos "inúteis" e exigindo: "renuncia, Temer"! Preso, ele disse à polícia que agiu a mando de Deus. Não se trataria, pois, de uma vingança pessoal ou de ódio partidário, ideológico ou religioso, mas de uma revolta insana contra o atual sistema político-eleitoral, que ofende profundamente o próprio conceito de democracia, que não pode continuar existindo onde há governo ineficiente, corrupção generalizada, inúmeros privilégios. O autoritarismo e a injustiça social são pai e mãe de toda forma de violência.
É desesperador pensar que é quase impossível reformular a estrutura obscena que está aí, pois a mudança não interessa a quem tem o poder de mudar. Nossos congressistas estão mais preocupados em aprovar projetos pessoais, de classes ou de partidos, do que em pensar no bem geral da Nação. Vale a pena transcrever um trecho da presidenciável Marina Silva ("Boca Aberta", Folha, 6/9): "A reforma política foi feita para que o povo não possa mudar. Foi feita dando o dinheiro do fundo eleitoral para os grandes partidos da polarização: PT, PSDB, MDB e DEM. Não por acaso todos eles contrários aos trabalhos da Lava Jato". A facada do alienado Adelio não foi desferida contra a democracia, porque este sistema político-eleitoral nunca vigorou no Brasil na sua integridade, pois o voto popular é aparentemente consciente, mas praticamente comprado. O golpe foi contra nosso povo incapaz de escolher representantes honestos e competentes. Vamos reeleger os que já estiveram ou estão no poder, sofrendo por mais ataques à ordem social e ao bem estar da coletividade?
Salvatore D' Onofrio
Dr. pela USP e Professor Titular pela UNESP
Autor do Dicionário de Cultura Básica (Publit)
Literatura Ocidental e Forma e Sentido do Texto Literário (Ática)
Pensar é preciso e Pesquisando (Editorama)
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