Farida Khalaf: "Fizeram-me tudo o que um ser humano pode aguentar"
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A mulher da minoria étnica Yazidi, que conseguiu fugir das malhas dos terroristas para chegar à Europa, contou a sua experiência enquanto vítima do terrorismo, esta sexta-feira, no V Congresso de Investigação Criminal da Polícia Judiciária, organizado pela Associação Sindical de Funcionários de Investigação Criminal da PJ, em Braga.
"A Comunidade Internacional falhou na proteção das vítimas de terrorismo e da minorias. Na zona onde vivia (no Iraque) duas mil pessoas foram mortas ou raptadas pelos combatentes do Estado Islâmico (EI). Só na minha aldeia, 119 foram mortas ou raptadas. Perdi o meu pai e o meu irmão. Foram assinados pelo membros do EI. Fui violada e agredida. Usavam-me como escrava sexual. Fizeram-me tudo o que um ser humano pode aguentar. Tentei suicidar-me várias vezes. Não consegui. E tentei escapar várias vezes até conseguir", explicou a ativista dos Direitos Humanos, convidada pela ASFIC/PJ para falar sobre as vítimas do terrorismo.
A sobrevivente acredita que o terrorismo não pode ser combatido apenas com força militar e armas. Considera que é preciso combater a ideologia de ódio e terror.
"É algo organizado. Ensinam as pessoas a serem terroristas. Fazem lavagens de cérebros, até às crianças. O que me causa revolta é que, até hoje, e já lá vão quatro anos, ainda nenhum responsável do EI foi julgado num Tribunal Internacional. Conseguir que se faça justiça é muito importante", disse a mulher, no último dia do congresso subordinado ao tema do terrorismo.
Reveja, aqui, a entrevista do JN a Farida Khalaf, em janeiro deste ano.