Febre amarela: OMS inclui todo o Estado de SP como área de risco

16 de janeiro de 2018 727

A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou nesta terça-feira a inclusão de todo o Estado de São Paulo como área de risco para a febre amarela. Isso significa que todos que desejam viajar para a região, incluindo a capital, devem se vacinar com dez dias de antecedência.

Até então, a entidade recomendava a vacina apenas para áreas de risco do Estado de São Paulo determinadas pelo Ministério da Saúde, que não incluíam a capital paulista e boa parte do interior.

“Considerando o nível elevado da atividade do vírus da febre amarela observado em todo o Estado de São Paulo, a OMS determinou que, além de áreas listadas em avaliações anteriores, o Estado de São Paulo inteiro deve ser também considerado como risco de transmissão de febre amarela. Consequentemente, a vacinação contra a febre amarela é recomendada para viajantes internacionais visitando quando área no estado de São Paulo”, apontou a entidade, em um comunicado publicado nesta terça-feira.

Segundo a OMS, a avaliação das áreas de risco é um processo permanente e a decisão foi tomada a partir do crescimento do nível de atividade do vírus da doença no território paulista desde o fim de 2017. No futuro, novas áreas poderão ser incluídas, caso haja a necessidade.

Mortes em São Paulo e Rio de Janeiro

O número de mortes por febre amarela confirmadas no Estado de São Paulo desde janeiro de 2017 subiu para 21, conforme dados da Secretaria de Estado da Saúde. Somados, os onze óbitos confirmados em doze dias de 2018 são mais que o dobro dos dez casos relatados em todo o ano passado. Também houve aumento nos casos autóctones (transmissão interna) da doença, que passaram de 29 para  quarenta.

No Estado do Rio de Janeiro, chegou a três o número de mortos pela doença. Desde julho, todos os 92 municípios fluminenses estão incluídos na área de recomendação da vacina, e a campanha de vacinação permanece. A secretaria estadual de Saúde reforça a importância da imunização.

O aumento de casos em São Paulo levou a uma corrida nos postos pela vacina. A população tem chegado aos locais de madrugada e enfrentado até seis horas de fila para conseguir se vacinar.

Campanha de vacinação antecipada

Em São Paulo, o secretário de Saúde do Estado de São Paulo, David Uip, informou que a campanha de vacinação contra a febre amarela no estado foi antecipada de 3 de fevereiro para o dia 29 de janeiro. Nos demais estados – Minas Gerais e Rio de Janeiro -, a vacinação permanece para o início de fevereiro

Eficácia da vacina fracionada

O Ministério da Saúde informou na semana passada que nos estados acima seria adotada a dose fracionada da vacina contra a febre amarela, com o objetivo de ampliar o número de pessoas vacinadas. Isso significa que uma dose que antes era aplicada em uma só pessoa agora poderá ser usada em até cinco.

Segundo o governo brasileiro, a dose fracionada do imunizante teria validade por oito anos. No entanto, pesquisadores da Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda tentam determinar qual o período de validade da vacina fracionada para a febre amarela.

Na África, a mesma estratégia foi utilizada em 2016 quando Angola e República Democrática do Congo apresentaram um surto da doença. Para Alejandro Costa, da Iniciativa para a Pesquisa de Vacinas da OMS, a solução do governo brasileiro está correta. “É uma questão de emergência. Reconhecemos como uma solução prática e efetiva”, disse.

Mas ele ressaltou que o prazo de validade da medida ainda é incerto. Por enquanto, a OMS determina validade de um ano para a dose fracionada. Por outro lado, o acompanhamento das pessoas vacinadas no surto africano constatou que a dose tem tido validade acima do prazo padrão da entidade. “O governo congolês quer saber quando deve voltar a vacinar e é isso que estamos acompanhando agora para determinar.”, explica Costa.

Entretanto, enquanto o acompanhamento não estiver concluído, o estoque mundial coordenado pela OMS continuará a considerar o fracionamento válido para um ano. Questionado, o Ministério da Saúde do Brasil afirmou que “reitera a segurança e eficácia” do fracionamento.

Para definir a validade de oito anos para a dose fracionada, usou como base estudo realizado no laboratório Bio-Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz com 319 militares vacinados dessa forma em 2009. “Oito anos depois, 85,3% dos militares ainda tinham anticorpos contra a doença.”

 

(Com Agência Brasil)