FIM DA ESCALA 6X1 RECOLOCA A LUTA DE CLASSES NO CENTRO DA POLÍTICA

13 de novembro de 2024 24

 

Poderoso movimento cresceu nos últimos meses entre os trabalhadores, a luta contra a escala 6x1, ou seja, a jornada de trabalho de 44 horas semanais que impõe apenas um dia de folga aos trabalhadores. Mais de 1,5 milhões de pessoas assinaram abaixo-assinado enviado ao Congresso para mudar a Constituição e determinar a redução da jornada de trabalho. 

Em primeiro lugar, é digno de entusiasmo ver a mobilização dos trabalhadores em prol de uma causa de sua jornada de trabalho, um movimento auto-organizado pelos próprios trabalhadores. Mesmo que o resultado desta mobilização não leve à aprovação do projeto, a colocação da questão já é importante pois repõe o debate político em seu centro correto que é o das relações econômicas entre capital e trabalho. Essencialmente, a mobilização contra a escala 6x1 é uma ação contra a superexploração do trabalho no Brasil, país que possuí uma das maiores cargas horárias de trabalho do mundo, atrelada a baixíssimos salários. 

Vida para Além do Trabalho (VAT). Trabalhemos menos, vivamos mais!

Em segundo lugar, deve-se notar que tal pauta deveria já ter sido colocada há décadas pelo lulopetismo. Uma vez no poder, ele deveria ter aprovado a redução da jornada de trabalho. Não apenas não o fez, mas também conduziu uma série de ataques aos trabalhadores, com reformas da previdência, terceirização e privatizações. Com certeza, a atual movimentação deve estar causando incômodos na cúpula pelega do lulismo que, não duvidemos, já deve estar pensando em meios de esvaziar e neutralizar tal movimento.

A extrema-direita já saiu em campo para se posicionar contra a proposta, mostrando claramente sua posição de classe, em defesa da superexploração dos trabalhadores. Isso é muito bom, pois a desentoca do debate cultural e comportamental e a coloca no terreno aberto da luta de classes. Nesse terreno, o trabalhador, mesmo que seduzido pelo discurso moralista do bolsonarismo, verá em ato que o programa da extrema-direita é, e sempre será, o alinhamento aos interesses dos capitalistas. 

Para que o movimento tenha êxito, será essencial ir além de um abaixo-assinado e iniciar grandes mobilizações de rua e mesmo paralisações nacionais, articuladas nos vários setores da economia. Contudo, como dito, o lulopetismo deverá agir pra não ter qualquer mobilização e, assim, o caminho parece ser o fracasso momentâneo da mobilização. 

 

No entanto, o aparecimento deste tema, de forma tão espontânea e fortalecida, é sinal de uma inflexão na política nacional. Finalmente estaremos saindo do debate superficial e despolitizado sobre democraciamoralismofake news e entrando na arena quente da luta de classes em seu ponto nefrálgico. Neste momento, lulismo e bolsonarismo estão nus, revelando, à luz de todos, seus compromissos intrínsecos com os interesses dos capitalistas. Bolsonarismo e lulismo são faces opostas da mesma cabeça burguesa. 

A esquerda revolucionária precisa estar atenta, pois podemos estar entrando em um novo período de lutas políticas no Brasil em que a classe trabalhadora toma consciência de sua real tarefa: destruir o capitalismo(por David Coelho)

 

 

Fonte: Celso Lungaretti
A VISÃO DEMOCRÁTICA (POR CELSO LUNGARETTI )