Globo fracassou na tentativa de minimizar vaia estrondosa a Bolsonaro

Análise da jornalista que cobre assuntos de TV, Cristina Padiglione, na Folha:
Enquanto o Maracanã vaiava o presidente Jair Bolsonaro, ao fim da vitória do Brasil na Copa América, neste fim de domingo, a Globo exibia imagens de um grupo de pessoas aplaudindo o presidente. Consta que o corte de imagens, como todo o comando da transmissão, cabia à Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol, responsável pela organização do evento), mas a edição também contém imagens exclusivas da Globo, segundo apurou este noticiário.
Pelo sim, pelo não, Galvão Bueno, dizia que entre manifestações favoráveis e contrárias, o presidente agradece.
Pode até ser que ao alcance dos ouvidos da cabine onde estava o locutor da Globo, próximo aos cartolas do futebol, houvesse mais manifestações favoráveis do que a média geral, mas a música ambiente na transmissão da Globo, um tom acima do ideal, não consegue impedir que ouçamos a sonora vaia que se apresenta no momento em que Bolsonaro surge em cena, rodeado de cartolas condenados ou ligados a condenados por corrupção, quesito que ele, chefe da nação, sempre cita como inimigo a combater.
Pode ser que as vaias sejam para os mandantes do futebol? Pode ser. Mas são vaias, em sua maioria, sem divisão 50/50, como tenta fazer parecer a narração do Galvão e as imagens da Globo, com endosso do narrador.