Gordura no fígado: o problema alarmante que afeta a população mundial

8 de dezembro de 2023 115

A estatística americana mostra um número ainda mais elevado, o que acontece de maneira semelhante no Brasil, ou seja, em torno de 30% dos adultos apresentam gordura no fígado e se adicionarmos ainda aqueles com comprometimento pelo álcool, esse número será mais elevado.

Se observarmos entre as pessoas com gordura no fígado (esteatose hepática não alcoólica) encontramos algumas características marcantes que ao longo desse texto você entenderá o porquê dessa relação. Isto é, nas pessoas com obesidade presente, a frequência de esteatose hepática chega a 90%; nas pessoas com sobrepeso, chega a 75% e nos diabéticos teremos 50%. A partir desses dados, já podemos imaginar que a gordura acumulada no fígado tem uma relação direta com as vias de ganho de peso, ou seja, existe uma influência do metabolismo da glicose alterado.

Vamos então entender mais a fundo sobre os detalhes desse problema tão frequente, pois a partir daí tomaremos as principais condutas práticas para ajudar a evitar e até mesmo apresentar alguma melhora nos casos já instalados.

O acúmulo da gordura no fígado num momento inicial normalmente não apresenta sintomas, no entanto ele pode evoluir para piora do quadro inflamatório local. O que, frente a essa evolução, desencadearia uma sequências de cicatrizes/fibrose no fígado com um quadro de até mesmo cirrose num processo mais longo e grave. 

Entender o porquê acontece esse acúmulo de gordura no fígado é essencial para tomarmos as principais medidas em relação ao problema, lembrando que se entendemos a causa, entendemos como melhorar de fato. Por isso, devemos olhar para uma das principais origens desse problema tão frequente na população mundial. Ou seja, como citamos antes, a causa principal está no metabolismo da glicose alterado. Afinal, um corpo que metaboliza mal a glicose inicialmente tem exposição a excesso de insulina, hormônio capaz de estimular as células de gordura no corpo e o fígado é um dos primeiros locais a sofrer com esse aumento.

Diante disso, vamos dividir a exposição à glicose em dois grupos: um está ligado ao consumo e o outro teremos a metabolização no corpo. Quando pensamos na exposição ou oferta, devemos entender sobre os alimentos, que possivelmente oferecem grande quantidade de glicose para o corpo. Afinal, quanto maior a oferta, maior será a dificuldade para o corpo conseguir lidar com toda essa carga. Na prática, quando o organismo entra em contato com a glicose no tubo gastrointestinal, as moléculas são absorvidas e chegam até o sangue. Nesse momento, o pâncreas libera um hormônio conhecido como insulina, que é responsável pela retirada desse excesso de glicose da corrente sanguínea. Até aí, se o corpo não tem exposição a excesso de glicose, tudo estará sob controle. Porém, quando essa glicose chega em excesso no sangue, o pâncreas precisará liberar também insulina em excesso para conseguir metabolizar. O problema dessa alta exposição? A insulina em excesso estimulará células de gordura no corpo e um dos locais que isso acontece primeiro é no fígado, por isso é mais frequente a presença da esteatose hepática não alcoólica em pessoas com diabetes II e sobrepeso/obesidade.

Diante do fato da oferta de glicose para o corpo, podemos pensar agora sobre a conduta mais clara em busca de um efeito positivo sobre a saúde. Para isso, devemos tentar reduzir ao máximo o consumo de alimentos que ofereçam grandes quantidades de glicose para o organismo como por exemplo: açúcares em geral, farinhas refinadas, alimentos industrializados e refrigerantes.

Já quando observamos o segundo ponto, do processo metabólico do corpo, devemos trabalhar itens que atuam na melhora do padrão de sensibilidade da insulina, afinal quanto mais sensível a insulina, melhor será o metabolismo da glicose. De forma bem prática, o corpo precisará de menos insulina para conseguir metabolizar a glicose adequadamente. Uma das condutas mais efetivas em relação a esse processo é realizar atividade física de rotina, lembrando que o objetivo antes de mais nada é conseguir movimentar o corpo. Afinal, fazer um pouco sempre será melhor do que não fazer nada e continuar no sedentarismo.

O problema da lesão do fígado vai mais longe do que você pode imaginar, uma vez que este órgão participa de mais de 500 processos metabólicos importantes no seu corpo. Itens como processo de digestão (principalmente das gorduras e absorção de vitaminas importantes do complexo ADEK), conversão de glicose em glicogênio, controle do direcionamento dos aminoácidos para o processo estrutural do corpo, vias de detoxificação (retirada de toxinas do corpo), vascularização sanguínea e cascata de coagulação. Todos esses são apenas alguns exemplos que na prática, ao ter um fígado que perdeu função, todos eles ficam comprometidos. Por isso, muitas pessoas que apresentam lesão hepática sofrem com doenças ligadas a sangramentos, doenças cardiovasculares em geral, desequilíbrio da distribuição dos líquidos no corpo e até mesmo uma imunidade mais frágil.

Por conta disso tudo e pela alta frequência desse problema na população, comece a ter boas escolhas alimentares e inicie uma atividade física. Mesmo que sejam pequenas mudanças, adicionar novas escolhas saudáveis na vida vai ajudar muito na construção da sua saúde. Afinal, mesmo em pequena quantidade, você tomou conduta e começou uma mudança. O importante é isso: uma pequena mudança sempre será melhor do que não mudar absolutamente nada. 

Lembrando: um resultado diferente depende de novas escolhas, mesmas atitudes apenas levarão aos mesmos resultados.

Vale lembrar que nesse texto discutimos o caso de esteatose hepática não alcoólica (NAFLD).

Outro ponto importante. Existem mais causas menos comuns de lesão no fígado além das citadas no texto anteriormente, como por exemplo: disruptores endócrinos, medicamentos, doenças infecciosas, perfluorohexanesulfonic acid (PFHxS), PFOS.

Até breve! 

A sua primeira riqueza é a sua saúde!

Informações importantes:

1 – O artigo tem puramente um caráter educativo para a população em geral. Ou seja, não se trata de uma recomendação médica e ainda reforçamos que em caso de qualquer queixa ou possível conduta a pessoa deve procurar um médico / profissional da área da saúde. 

2 – Por ser um artigo focado em educação, em nenhum momento o objetivo é substituir uma consulta médica. Por isso, mais uma vez em caso de necessidade, a pessoa deverá procurar um atendimento médico. 

3 – Os artigos são produzidos com informações encontradas em livros e artigos científicos mais atuais sobre o tema. No entanto, devido à dinâmica da mudança dos conhecimentos científicos, alguns conceitos podem alterar ao longo do tempo. 

4 – De acordo com Art. 8º da Resolução CFM 1974/11 de Publicidade do Código de Ética Médica, os artigos têm somente caráter de prestar informações de fins estritamente educativos.

*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

Fonte: DR. GUILHERME TAKASSI