Guerra pelo poder na quadrilha. Palocci diz em delação que Dilma vazou provas contra Lula para Lava Jato

O ex-ministro Antonio Palocci disse em um dos depoimentos prestados em agosto de 2018 em delação premiada, tornado público nesta sexta-feira (18), que a ex-presidente Dilma Rousseff “deu corda” para que as investigações da Operação Lava Jato implicassem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“A respeito da ruptura entre Lula e Dilma, recorda-se o colaborador que, durante o crescimento da Operação Lava Jato, Dilma deu corda para o aprofundamento das investigações, uma vez que isso sufocaria e implicaria Lula”, diz o termo de colaboração.
Dilma classificou a versão de Palocci como fantasiosa e disse que não passa de uma tentativa de fazer intriga entre ela e o ex-presidente. A assessoria de imprensa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou as acusações feitas em delação
O termo complementar de depoimento, prestado após a homologação da delação pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), foi anexado em inquérito da Polícia Federal (PF) sobre a Usina de Belo Monte, no Pará.
No primeiro termo, Palocci afirmou recebeu dinheiro em espécie de propina da Odebrecht..
Segundo o documento complementar, ao permitir o avanço da Lava Jato, Dilma tentava “sufocar” Lula para que ele desistisse de concorrer à presidência em 2014.
Por outro lado, conforme o depoimento, Lula relembrava a Dilma que ela era a presidente do Conselho de Administração da Petrobras à época de grande parte dos fatos apurados pela operação.
Segundo ele, o ex-presidente recordava Dilma disso em diversas reuniões no Instituto Lula na presença de dezenas de pessoas.
Palocci resumiu a ruptura entre Lula e Dilma em três motivos:
- Nomeação de Graça Foster para o comando da Petrobras;
- Mudança do financiamento de campanhas do PT centrado no partido e não em Lula;
- Construção da Usina de Belo Monte;
Na visão de Palocci, Lula era um ex-presidente dominante que queria manter o controle do governo e preparar sua volta, enquanto Dilma queria renovar o mandato. Ele ressalta no depoimento que Dilma não pode ser isentada de eventuais irregularidade. (G1)