Inflamações no intestino atingem os mais jovens
Lino Larangeira, coloproctologista: "São doenças que não têm alta mortalidade, mas interferem negativamente na qualidade de vida das pessoas"
Sabe-se que em todo o mundo cinco milhões de pessoas convivem com essas doenças inflamatórias crônicas. Elas atingem com mais frequência homens e mulheres em duas faixas etárias: dos 14 aos 24 anos e dos 50 aos 70 anos. Mas as crianças também podem ser acometidas, principalmente no que se refere à Doença de Crohn.
"Quanto mais precoce agirmos, menor será o grau de inflamação no intestino. Vale lembrar que são doenças que não têm alta mortalidade, mas que interferem negativamente na qualidade de vida das pessoas, causando diarreia, cólica, desconforto e, às vezes, saída de secreção e dor", alerta o coloproctologista em Londrina, Lino Larangeira.
Apesar de não haver cura, o tratamento integrado pode levar o paciente à remissão, isto é, estabilizar o processo inflamatório. "Apesar de não se ter conhecimento da etiologia, sabe-se que alguns fatores influenciam diretamente e é por isso que o tratamento envolve desde a parte psíquica, prática de atividade física, alimentação e uso de medicamentos", aponta o médico.
Atualmente, os pacientes em fase inicial também podem contar com os imunoterápicos que antes eram reservados somente para os casos moderados a graves. "Pesquisas nos Estados Unidos estão mostrando que quando você atua precocemente a chance de efetividade é muito maior na contenção da doença", acrescenta.
O acompanhamento com um especialista também é indispensável. Larangeira, da equipe do Hospital do Coração, destaca que pacientes entre 15 e 20 anos têm um risco aumentado para câncer e nesses casos, os exames de colonoscopia são fundamentais.
SUS
O tratamento para a Doença de Chron e RCU é disponibilizado no SUS (Sistema Único de Saúde). Em Londrina, há um ambulatório no Cismepar (Consórcio Intermunicipal de Saúde do Médio Paranapanema) para as DIIs. É lá que a profissional de educação física, Letícia Aquino da Silveira, 23, vem sendo acompanhada no tratamento de Doença de Crohn e colite.
O diagnóstico foi dado quando ela tinha 16 anos e se queixava apenas de dores no estômago. Mas, semanas depois, percebeu sangue nas fezes. "Meu intestino estava muito inflamado, então quando descobriram o que eu tinha de fato, meu estado de saúde já era grave", lembra.
Assim como muitos outros jovens, Silveira não conhecia nada sobre a doença. "Nem imaginava que ela existia. Foi um processo muito difícil pois tudo aconteceu em um período em que eu estava abalada com o falecimento do meu pai e do meu namorado. Acabei deixando de me cuidar e o quadro se agravou. A parte emocional também afeta muito a doença", completa.
Silveira passou por duas das três cirurgias indicadas para o tratamento e agora está tomando medicamento biológico. "Mudou minha vida completamente. Já voltei a fazer caminhada, corrida e musculação", comemora.
Saulo Ohara
Reportagem Local