LULA E BOLSONARO SÃO OS DOIS LADOS DA MOEDA QUE NÃO VALE NADA

Na mesma medida que o eleitorado brasileiro em praticamente 100 % dos casos,também a mídia “tupiniquim” oscila entre os nomes de Lula ou Bolsonaro para dar o seu apoio,optando por um, e ”repudiando” o adversário. Os motivos desses apoios escapam da nossa análise,apesar da certeza que a quase totalidade da grande mídia , dos banqueiros  e dos mais (des)informados penderam no sentido de “investir” para o lado de Lula.                  

Em vista dessa circunstância tenho consciência e certeza que a matéria a seguir exposta pisará em terreno pantanoso,quase  proibido de entrar. Os 50% de um lado não gostarão,e os 50% do outro lado igualmente também não gostarão. Mas apesar disso não abdico do direito de propor uma discussão do tema como eu o enxergo e que talvez a ninguém agradará.

Podemos começar pela campanha contra os juros básicos do Banco Central,estabelecidos em 13,75%,criticados por Lula,Haddad e Gleisi Hoffmann,que não aceitam essa fixação porque a inflação seria em taxa menor. O Banco Central,que tem autonomia,alega que os juros são fixados pelo mercado,e a “gastança” irrefreada do governo seria um empecilho para essa redução. Quem são Lula,Haddad e Gleisi para palpitar sobre tal matéria? Gente que entende tanto de macroeconomia quanto eu entendo de “física quântica”? Ou seja,”nada”?

Apesar de ter sido Bolsonaro o Presidente que sancionou a autonomia do Banco Central,em fevereiro de 2020,logo após a sua posse,não demorou muito para ele se “arrepender”,pois o aumento da inflação poderia ser óbice à sua pretendida reeleição,lamentando ter assinado a autonomia do Banco Central,e não poder interferir na política monetária.

Bolsonaro “esqueceu” logo que a autonomia do Banco Central visava proteger a autarquia de intromissões politicas e melhorar a sua credibilidade. Mas devido à resistência de Campos Neto,Presidente do Banco Central,nomeado por Bolsonaro, em reduzir os juros básicos do BC,Bolsonaro afirmou,”já nessa época”, que se pudesse o... demitiria!

Portanto Lula e sua “trupe” em 2023 nada mais estão fazendo do que repetir o que fez Bolsonaro em 2020. Onde está a “memória” dos brasileiros?

Será que o Brasil vive realmente numa “democracia”? Ou seria somente uma democracia “no papel”?                                                                          Talvez algumas  premissas históricas sobre a democracia nos ajudem a desvendar essa delicada questão.

Aristóteles,em “Política”,classificava as formas de governo em 6 (seis) espécies,3 (três) das quais PURAS,e as outras 3 (três) IMPURAS. Na primeira categoria enquadrou a MONARQUIA (governo de um só),a ARISTOCRACIA (governo dos mais capazes),e a DEMOCRACIA (governo do povo pelo povo).Mas essas formas PURAS de governo,tinham as respectivas formas degeneradas,IMPURAS,que seriam a TIRANIA,quando o déspota toma o lugar do rei,a OLIGARQUIA,constituída pela  tomada da aristocracia  pelos maus,e finalmente a DEMAGOGIA,uma forma deturpada de democracia que concentra a pior escória da sociedade para governar,sempre ascendendo ao poder e enganando o povo com promessas que jamais serão cumpridas.

Mais tarde o geógrafo e historiador também grego,chamado POLÍBIO,partindo de estudos que desenvolveu em Roma,concebeu a OCLOCRACIA como a forma degenerada da democracia,no lugar da demagogia preconizada antes por Aristóteles. Apesar de ter mantido a demagogia como um dos vícios na “sua” OCLOCRACIA,Políbio  acrescentou-lhe uma série de outros vícios nas hipóteses de carência de consciência democrática dos povos que pensam praticar a democracia ,mas que na verdade  permitem,através do voto, a ascenção ao poder político da pior escória da sociedade,que trabalha em proveito próprio,enriquecendo ilicitamente,o que gerou a chamada “cleptocracia”,que resumidante poderia ser compreendida como o regime políticos dos ladrões do erário,incluida na OCLOCRACIA.

Tomando por base os Presidentes mais recentes,a partir de Jánio Quadros(31.1.61 a 25.6.61),José Sarney,Collor de Mello,Itamar Franco,Fernando Henrique Cardoso,Lula da Silva,Dilma Rousseff,João Temer,Jair Bolsonaro,e novamente Lula,com mandado em curso,como enquadrá-los nas formas de governo preconizdas pelos grandes pensadores da política?

Monaquia não é. Aristocracia também não.E muito menos “democracia”,apesar das mentiras espalhadas pela mais altas autoridades dos Três Poderes Constitucionais ,escritas nos “manuais”,inclusive na Constituição.

Nos restaria avaliar  as “sobras” dos regimes de governo,e qualquer delas seria uma forma IMPURA de governo,na classificação aristotélica,a fim de deninir o que realmente se passa no Brasil,onde deve ser descartada de plano a opinião a esse respeito das autoridades políticas ou judiciárias. Se considerado o poder absoluto exercido pelo Ministro do STF,Alexandre de Moraes,por exemplo,que faz as leis,executa e julga,seria a TIRANIA. Ou a OCLOCRACIA,se considerada a prática  de uma democracia deturpada,degenerada,corrompida,sustentada por uma massa ignara

Mas uma coisa é certa: não existe nem jamais existiu democracia verdadeira no Brasil. Isso porque são as práticas democráticas que fazem as democracias,não a constitituição e as leis.

Sérgio Alves de Oliveira

Advogado e Sociólogo