MDB: o ocaso de um coadjuvante de luxo
Lula está certo ao cobrar dos ministros a lembrança de que há um governo central no comando dos diversos órgãos da administração. E que embora cada um tenha contas a prestar ao partido que o indicou, é preciso dar o devido crédito ao governo central, de onde sai o dinheiro. Não poderia, nem precisaria, ser mais claro.
A espinafrada geral no ministério decorre da queda de popularidade do governo que, convenha-se, acerta muito mais do que erra. Mas a conjunção de pequenos erros, aliada à precariedade do sistema de comunicação e à competência da oposição tem deixado o presidente ainda mais rouco de preocupação.
E não é para menos. As eleições municipais estão logo ali. Os partidos da base aliada podem até se sair bem. Mas o que isso significa para o governo central? Tome-se como exemplo o caso de Rondônia, no mínimo emblemático: o governo federal prevê investimentos da ordem de R$ 5 bilhões do novo PAC somente na infraestrutura de transportes. E quanto vale isso em votos para o governo federal e até mesmo para o MDB, que controla o ministério?
Se você disse “nada!” está perto da verdade. Até porque todos os partidos abocanham um naco desse bolo, especialmente o governo do estado. Menos o MDB e o presidente. Após o puxão de orelhas presidencial certamente o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB) aparecerá em breve por aqui. Mas, passada a visita, tudo voltará ao imobilismo atual, cada qual interessado na própria vida, no próprio umbigo. E o conjunto que se exploda!
Um deputado federal que destine uma pequena emenda para a construção de uma praça faz um escarcéu danado para apregoar o feito no estado inteiro. Mas o governo federal anuncia a construção da ponte binacional em Guajará Mirim e quem fatura eleitoralmente é o governador, que inclusive quer assumir a paternidade do projeto, elaborado há mais de uma década por iniciativa do ex-deputado Miguel de Souza, quando diretor de Planejamento do DNIT nacional.
O certo é que, com isso, o MDB de Rondônia está cada vez mais distante dos dias de glória, do protagonismo no comando do estado. Sujeita-se hoje à tentativa de figurar como mero coadjuvante na disputa eleitoral. E arrisca-se a não eleger um único vereador na capital do estado que ajudou a consolidar.