Mercado prevê PIB abaixo de 1% e Guedes se desespera: “rolagem da desgraça”

15 de setembro de 2021 230

Alçado como fiador neoliberal de um futuro governo Jair Bolsonaro (Sem partido) ainda nas eleições de 2018, Paulo Guedes mostrou certo desespero após o mercado sinalizar o derretimento da economia, com previsão que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não chegue nem mesmo a 1% neste ano – após queda de 4,1% em 2020.

Com inflação batendo 9,68% nos últimos doze meses – a mais alta desde 2016 – e a expectativa de elevação da taxa Selic a 8% até dezembro, o mercado derrubou a previsão de crescimento do PIB.

Nesta terça-feira (14), o Itaú Unibanco cortou a projeção para o ano de 1,5% para 0,5%, e a MB Associados, de 1,4% para 0,4%. No dia anterior, o J.P. Morgan havia reduzido a estimativa de 1,5% para 0,9%.

Guedes se irritou com as novas projeções, dizendo há uma “rolagem da desgraça” e que, no momento, o eixo dos analistas é “vamos derrubar a economia”.

Em evento do BTG Pactual, banco do qual foi sócio, o ministro da Economia de Bolsonaro reclamou do “barulho político” que, segundo ele, segura o dólar nas alturas.

“Estamos indo para meio trilhão de dólares de corrente de comércio com o mundo, nunca aconteceu antes, US$ 100 bilhões na balança comercial, nunca aconteceu antes. […] Então, esse dólar já era para estar descendo mesmo, mas o barulho político não deixa descer”, disse, ressaltando que “o câmbio de equilíbrio devia ser hoje uns R$ 4,00, R$ 3,80 se estivesse tudo normal” – nesta terça, a moeda era negociada a R$ 5,25.

Excessos

Em mea culpa do próprio governo, Guedes afirmou ainda que “os atores cometeram excessos” e que “às vezes, o presidente sai do cercado”, mas reclamou das reações de outros poderes e dos boatos – divulgados muitas vezes pelos próprios governistas.

“Os atores cometem excessos, às vezes o presidente sai do cercado, às vezes um ministro do STF prende pessoas, toda hora tem um que pula fora da cerca, dá um passeio no lado selvagem. O que acontece? As instituições se aperfeiçoam e convidam o cidadão a voltar para o cercadinho. São robustas as instituições”, afirmou.

Guedes negou a possibilidade de golpe e criticou a antecipaçao da disputa eleitoral. “Pelo amor de Deus, faltam dez meses para uma eleição”.

“Todo dia chamam o presidente de genocida. Ele mandou prender alguém? Não mandou prender ninguém mas tem gente prendendo aí. A gente tem que ter uma certa moderação”, disse ainda.

Fonte: REVISTA FÓRUM/PLINIO TEODORO