NATAL !

18 de dezembro de 2017 926

O que de bom há no coração e no espírito dos homens

 ou nos ritos e culturas próprias dos povos,

não só não se perde, mas é purificado, elevado e consumado

para glória de Deus , confusão do demónio e felicidade do homem”

 

 

 

                                                                                             Vaticano II, Decreto AD Gentes - 9

 

 

Prezado Leitor 

 

 

Estas palavras do Concílio são também convite e exortação para celebrarmos o Natal sempre e em toda a parte, porque faz parte da cultura de muitos povos, com ritos e intenções de dar glória a Deus e aumentar a nossa felicidade. Talvez tão importante como isso, é a afronta que fazemos contra o demónio, que fica confuso e exasperado sempre que vê, em cada celebração que fazemos, o que há de bom no nosso coração e no nosso espírito.

A “coisa” principiou há mais de dois mil anos. Quando o Anjo Gabriel veio anunciar à Virgem que ela iria ter um filho, filho do Altíssimo que seria o Salvador, o demónio entrou em pânico e confusão, iniciando-se assim a felicidade do homem. Ele sabia que isso havia de suceder, mas um tanto infantilmente confiava no seu poder de diferir infinitas vezes o acontecimento, e, então, apavorado, estendeu as manápulas e abriu as mandíbulas, qual dragão atento para lhe devorar o filho. A mulher não “fugiu para o deserto”, mas “retirou-se para o Egipto”, frustrando as suas intenções, golpe profundo nas suas ânsias de domínio que o feria de morte se não tivesse o poder de, por estranha cissiparidade, continuar a existir e a se multiplicar.

Para nossa alegria e felicidade, o demónio anda profundamente inquieto, de riso alarve e sardónico contra Aquele que o destronou. De vez em quando celebra algumas vitórias, mas ele próprio sabe que está condenado e que de vitória em vitória caminha para a derrota final. Por isso, anda pelo mundo procurando a perdição das almas, de facies hediondo, raivoso e feroz. E apesar de tudo, a muitos consegue enganar!

A sua grande vitória seria a de aquele Jesus Cristo nunca ter ressuscitado, conforme ele quer fazer acreditar a todos. Na verdade, se Cristo, o grande vencedor dos seus poderes satânicos, não tivesse ressuscitado, uma grande risada, vitoriosa e sarcástica, ecoaria por toda e eternidade aos ouvidos de toda a Humanidade. Mas eu, nós, ninguém ouve nada . . .

Neste Natal e em todos os Natais da nossa vida, vamos celebrar, segundo o Concílio, a glória de Deus e a felicidade do homem, mas regozijamo-nos também com o despeito e a confusão do demónio. Paradoxalmente que pareça, Deus permite-nos que odiemos alguém.

Porém, será óptimo esquecermo-nos desse direito e, principalmente pelo Natal, secundarmos o coro dos anjos para que se “manifeste a grandeza de Deus nas alturas e na terra se faça brilhar a sua glória”. Eu, eu e tu, prezado leitor, todos nós, vamos “acordar a aurora”, fazendo retinir as nossas úvulas em sinfonia de campainhas, a proclamar com arte e com alma, que “todo o mundo é um hino de glória à grandeza de Deus nosso Rei, e cada homem é a imagem sagrada de Deus nosso Pai”. Por isso, com fé e amor, desejamos que cada homem, especialmente se menos favorecido que nós, tenha sempre o seu jardim e sua horta bem irrigados, que tenha o conforto da nossa cama, a segurança do nosso tecto e abundância da nossa mesa. Pelo Natal, em preparação para a Páscoa, e na Páscoa em preparação para o Natal, em cada manhã que desponta agradeçamos a Deus o dia que Ele nos oferece – é uma “manhã que nos traz a notícia da presença de Deus jovem e gloriosa”, com a certeza serena de que esse novo dia proclama a ajuda de Deus terna e amorosa, para nós e toda a humanidade.

 

 

 

 

LAURENTINO SABROSA - Senhora da Hora, Portugal.

laurindo.barbosa@gmail.co

 

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