O adeus a Gustavo Erse, o astro do rock rondoniense, grande músico das mãos inquietas

6 de julho de 2021 427

Vinicius Canova, em contribuição extraordinária para o Rondônia Dinâmica

*Texto publicado originalmente na rede social do autor na segunda-feira, 05 de julho, às 22h50 

Durante um ano e meio perdi as contas de quantas vezes redigi textos para anunciar a morte de pessoas queridas exaltando suas qualidades, ressaltando históricos profissionais.

E não há vontade suficiente que resista ao panorama desenhado nos mostrando como é triste o horizonte sem essa gente toda que nos deixou.

Ânimo não existe mais. Venho aqui, de novo, porque agora é o momento de dar adeus ao Gustavo Erse, o Gustavão, um divisor de águas na minha vida em relação à música, especialmente sobre como a sinto e permito que flua em mim sem constrangimento.

Feeling. O tal sentimento. Olhos fechados. Tato. Simbiose. Dois em um. Ele e a guitarra. A guitarra e ele.

Enfim.

Vê-lo nos palcos de Porto Velho empunhando o instrumento, fechando os olhos como se todas as faixas tocadas fossem uma apoteose, um clímax interminável, me contagiou.

Fora deles, entre nós, misturava-se ao comum sem deixar de lado o fascínio pelas seis cordas como quando, no meio de um papo e "do nada", sacava a palheta imaginária e começava a solar no próprio braço balbuciando os sons das notas conforme vinham à cabeça.

No trânsito, assim como eu, batucando no volante ou, de novo, fazendo a pinça entre indicador e polegar emulando as palhetadas brutais do seu melhor heavy metal.

Ele não se via assim, mas era um astro, sem sombra de dúvidas. Um showman, nada menos do que isso. E agora vai brilhar nos teatros cósmicos.

Minhas condolências à família, amigos e colegas.

Uma honra ter conhecido esse cara. E uma honra maior ainda ter presenciado a essência do seu legado.

Fonte: VINICIUS CANOVA
O ESPECTADOR - POR VINICIUS CANOVA

JORNALISTA COLABORADOR DO WWW.QUENOTICIAS.COM.BR