O carnaval é uma festa familiar em todos os sentidos
Minha visão do carnaval, a partir da época de criança, sempre foi de festa, de um momento de inversão dos valores onde os homens se vestiam de mulheres e a bebida, o cheiro da lança-perfume, marchinhas, confetes e serpentinas ocupavam um espaço no qual se destacavam os maracatus, blocos e escolas de samba. Em Fortaleza, o maracatu Az de Ouro, que destacava-se como o maior, era acompanhado pelo Az de Paus e, se não me engana a memória, o Rei de Ouro, Rei de Paus e a Escola de Samba Prova de Fogo, a mais antiga da época. Depois, nos tempos que vivi no Rio de Janeiro, participei da folia como um brincante, alguém que ia às quadras para poder desfilar na avenida. Em Rondônia cheguei a ver o Bloco da Cobra, a Pobres do Caiari, a Diplomatas como um curioso. Algumas vezes fui sim acompanhar, do começo ao fim, a Banda do Vai Quem Quer. Embora alguns amigos lembrem destes tempos, efetivamente, foram exceções. De carnaval, fui um espectador ou frequentador de bailes. Nos últimos anos participei do carnaval do Buraco do Candiru e comecei a me interessar pelo carnaval por conta da economia criativa. Percebi, como economista, a importância econômica do carnaval para Porto Velho e até escrevi, revoltado, com o fato do Galo da Meia Noite, por questões burocráticas, não desfilar. Mas, ultimamente, instado a pensar sobre o assunto pela presidente da Liga das Escolas de Samba de Rondônia (Lieser), Ana Lúcia Barroso, e por um comentário do carnavalesco Carlinhos Maracanã, percebi, apesar de ter visto as comunidades no Rio de Janeiro envolvidas no carnaval, o que as pessoas em geral não pensam, que o carnaval é uma festa de família. Basta ver a história das 7 escolas de samba de Porto Velho. Todas estão atreladas, tem sua continuidade garantida, por questões de afinidades familiares. Muitos, como é o caso da própria Ana, já nasceram, entraram no carnaval até sem perceber, pois participam dele muito cedo. Herdam o gosto dos familiares e pessoas próximas. Isto é muito comum, como é o caso de Cliuson Torres, da Unidos do Guaporé, a mais antiga e tradicional escola de Costa Marques, que entrou fo carnaval por herança familiar. A verdade é que seja uma banda, um bloco, uma escola de samba ou até um bloco de sujo que vire tradição, invariavelmente, trazem consigo, elos de ligação familiares e afetivas que transbordam para a economia, a história e a cultura brasileira. Carnaval, portanto, é muito mais do que entretenimento, do que, como pregam alguns, violência ou bebedeira. A violência está nas pessoas, no carnaval e fora. O carnaval é sim um fator de congraçamento, de emoção, de adrenalina, de pertencimento, de amizade e de camaradagem. Numa época onde, em muitas religiões, há um esgarçamento dos valores, bem que muitos poderiam reavaliar o carnaval como um fator de coesão social, de camaradagem e respeito mútuo, que se desenvolve devido à paixão por esta festa que é pagã sim, porém nem por isto deixa de ser um traço cultural importante da sociedade brasileira.
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A POLITICA VISTA POR UM POETA ( SILVIO PERSIVO
Colaborador do quenoticias.com.br, Silvio Persivo é Economista com Doutorado em Desenvolvimento Sustentável pelo NAEA, escritor, poeta e professor de Economia Internacional e Planejamento Estratégico da UNIR. E-mail: silvio.persivo@gmail.com