Mas eis que surge ‘um plano comunista de dominação global’, conforme os terraplanistas adoram falar e a ‘arma utilizada’ é um vírus cuja origem se divide em duas teses, ‘ou foram os chineses comedores de morcego’ ou foram ‘os chineses comunistas que criaram o vírus em laboratório’, depois de comer morcego, é claro.
Teses amalucadas à parte, temos os números da realidade, que se confrontam com os discursos míopes do presidente. Desde que a Itália naufragou em meio a centenas de cadáveres após ter zombado da capacidade de contágio e letalidade do Covid-19, o mundo teve a certeza que o isolamento social e a quarentena eram as soluções mais eficazes. Países que radicalizaram conseguiram os melhores resultados, claro que cada qual com suas particularidades, mas conseguiram salvar vidas, porque é importante destacar, toda vida importa.
Marcos Rocha resolveu adotar essas medidas logo no início da pandemia, o que colocou Rondônia entre os estados menos afetados até a semana passada. Porém, prefeitos de municípios menores, acossados pelos ‘empresários que iriam falir’ e por um bando de irresponsáveis que ainda não entendeu a gravidade da doença, passaram a pressionar e a burlar o isolamento.
Rocha foi no embalo, e chegou a editar um decreto flexibilizando a abertura de vários segmentos, e após decisão judicial, teve que recuar. O mesmo aconteceu em outras cidades, como Ariquemes, que não tinha nenhum caso, e agora tem 21.
Ao mesmo tempo, Marcos Rocha vê o ‘capitão’ conclamando as pessoas a irem às ruas, pressionando pela reabertura e a ‘volta à normalidade’. Não vai mais existir ‘normalidade’ como antes. O novo normal será o uso obrigatório de máscaras, desinfecção constante de locais, fim das aglomerações e cada vez mais, o isolamento, ao menos até que seja encontrada uma cura para o Covid-19.
Enquanto isso não ocorre, resta saber como vai ficar Marcos Rocha diante da tensão política que aumenta a cada semana. Ter sido eleito no Estado que tem um dos maiores números de ‘bolsonaristas’ tem uma cobrança natural de que as políticas sejam alinhadas às do capitão. Já disse isso antes e repito, Marcos Rocha precisa ter personalidade política própria, porque o destino do capitão é o pijama, e bem antes do que ele previa.