O MUNDO VAI MUDAR POR ONDE MENOS SE ESPERA

3 de agosto de 2020 555

Ora, mesmo antes da pandemia, dizer que o mundo ia mudar não se tratava de uma profecia muito original. Com a pandemia, então, a mudança parece mesmo obrigatória, principalmente, quando se pensa que o uso dos meios digitais e o comércio eletrônico se expandiram até por necessidade. Uma das necessidades maiores foi sentida pelo setor educacional, de uma hora para outra, necessariamente precisado de ter continuidade por meios digitais. E, convenhamos, num país como o nosso a dificuldade, em especial, provém da ausência de programas escolares para adaptar os métodos de ensino aos novos tempos e, por questões que passam pelo custo do acesso de alunos a equipamentos e conexões. De formas diversas houve sim uma busca de se adaptar à conjuntura e até iniciativas muito originais, como a da Universidade Federal do Ceará, que criou um programa para proporcionar formas dos seus alunos a ter acesso a equipamentos, via o crédito. De qualquer forma o setor educacional foi muito prejudicado com a crise e a iniciativa privada se queixa de que tem problemas de manutenção de suas instituições com custos e inadimplência maiores. Isto aqui no Brasil. Imagine nos Estados Unidos onde se enfrenta uma crise maior, um declínio de matrículas, altos custos, problemas com adaptação dos currículos e também um lapso entre as necessidades do mercado e a adoção do ensino à distância. Se isto já se constituía num coquetel explosivo que colocava em xeque o combalido setor educacional imagine, então, o que não significou quando, o Google, em 14 de julho último, lançou novos programas de certificação profissional em análise de dados, gerenciamento de projetos e design de UX, a serem hospedados no Coursera, uma plataforma que cobra uma taxa mensal de US$ 49 para se ter acesso. Bem, de qualquer forma, para nós, parece um preço elevado (nada comparado com os custos da educação nos EUA), mas, a verdadeira bomba foi  o Google anunciar que vai fornecer 100.000 bolsas de estudo e vai conceder mais de US $ 10 milhões em doações a organizações sem fins lucrativos que se associarem  ao desenvolvimento da força de trabalho para mulheres, veteranas e minorias. Para completar também anunciou que os novos certificados de carreira profissional, que podem ser concluídos em seis meses, possibilitam  aos americanos oportunidades de emprego de alto rendimento. Também acenaram aos candidatos a emprego que tratariam tais certificados, que não exigem experiência prévia em graduação, como o equivalente a quatro anos de graduação. A iniciativa do Google é um duro golpe no ensino norte-americano na medida em que os que fazem seus cursos, 80% dos que concluem a certificação de especialista em suporte de TI, conseguiram um novo emprego ou ganharam um aumento. Experiência prévia e ensino superior não são necessários como pré-requisito para os cursos. E, uma vez concluídos, normalmente em três a seis meses, os participantes podem ter oportunidades  de trabalho com a gigante da tecnologia. Antes, a Microsoft já havia lançado uma iniciativa global para elevar as habilidades profissionais de 25 milhões de pessoas. As ambições-alvo à luz da pandemia são semelhantes ao Google no apoio a “programas de recuperação genuinamente inclusivos para fornecer acesso mais fácil às habilidades digitais para as pessoas mais afetadas por perdas de empregos, incluindo as com renda mais baixa, mulheres e minorias. " Impressionante, mas, tudo indica que a mudança deve começar pela educação.

A POLITICA VISTA POR UM POETA ( SILVIO PERSIVO

Colaborador do quenoticias.com.br, Silvio Persivo é Economista com Doutorado em Desenvolvimento Sustentável pelo NAEA, escritor, poeta e professor de Economia Internacional e Planejamento Estratégico da UNIR. E-mail: silvio.persivo@gmail.com